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Quando a excelência entra em cena

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participou como idealizadora e atriz do Teatro na Justiça, um dos projetos desenvolvidos, que consistia em montagens que misturavam atores profissionais com não profissionais (ou, às vezes, só profissionais) de textos como O processo , de Franz Kafka, O bilontra , de Artur Azevedo, e A pane , do mesmo Dürrenmatt.

– Quando Zveiter assumiu, ele decidiu encerrar o projeto na Emerj para ampliá-lo no novo Centro Cultural a partir da restauração do antigo prédio do Palácio da Justiça, que estava muito deteriorado – destaca Silvia. – Este projeto de Os físicos é o primeiro passo.

Funcionária do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro desde 1992, Silvia Monte se formou em psicologia, mas não exerceu a profissão. Decidiu estudar teatro na UniRio e fazer concurso público para garantir a sobrevivência.

– Pensei que seria algo passageiro na minha vida, até porque não tenho formação na área de direito. Mas, aí, surgiu o projeto do Teatro na Justiça – explica.

Escrita sob a influência direta do contexto da Guerra Fria, a peça de Dürenmatt conta a história de três físicos internados numa clínica de doentes mentais sob a responsabilidade da psiquiatra Mathilde von Zahnd. Um dos três cientistas, que pensa ser o físico Isaac Newton, mata uma enfermeira. Três meses depois, outro paciente, também físico, assume a identidade do cientista Albert Einstein e assassina mais uma enfermeira. A situação se agrava quando, no mesmo dia, uma terceira enfermeira é morta pelo físico Möbius, que alega estar cumprindo ordens do Rei Salomão.

– É um texto que traz à tona questões importantes: a quem servimos com o poder que nos é atribuído? O que fazemos com o nosso conhecimento? – enumera Silvia, que leu o texto, pela primeira vez, há mais de dez anos e nunca o viu encenado.

A leitura de Os físicos é “apenas” um dos projetos de Silvia Monte, mas ela ainda não sabe qual será o seu lugar no novo Centro Cultural.

– Nossas gestões mudam a cada dois anos. A próxima eleição está agendada para dezembro – acrescenta. – Espero que o novo presidente dê força para o Centro, um espaço que deverá ganhar uma identidade. Seria interessante abrigar uma visita guiada teatralizada pelo prédio, apresentada, por exemplo, por uma figura histórica como Rui Barbosa. Outra ideia é utilizar o Tribunal do Júri para julgamentos de personagens como Otelo ( O ciumento personagem de Shakespeare ). ANÁLISE – A peça debate questões como “A quem ser vimos com o poder que nos é atribuído?”