-->CRÍTICA
-->| TEA TRO| O INFERNO SOU EU -->55-->Uma mulher em conflito-->Macksen Luiz-->A passagem do casal J ean-P aul
Sartr e e Simone de Beauv oir pelo
Br asil, em 1960, contin ua a r ender
par a a dr amatur gia nacional. Se
antes, com humor sar cástico e me -
lancolia juv enil, Maur o Rasi fla -
g rava a
dupla n uma visita a bsur da
à sua Bauru natal, agor a J uliana
Rosenthal K. se apr opria da estada
de ambos no Recife par a r ecriar ,
n um tom mais feminista, a pr e -
sença no Nor deste da autor a de
-->O
segundo sexo
-->. Desta v ez, Simone se
entedia na indesejáv el esper a que
a pr ende à cidade por uma malária
contr aída na Amazônia e por di -
ficuldades de v oltar à F r ança por
conta da posição contr a a guerr a da
Ar gélia. P ar a ajudá-la neste e xílio
f orçado é destacada uma jo v em
estudante de letr as, que a atende
em suas crises de enf ado dos tró -
picos e de saudades do amante
americano.
A con vi vência r essalta as car ac -
terísticas das duas m ulher es, dis -
tanciadas pela car ga intelectual e
difer enças de idades, ainda que
apr o ximadas pela condição femi -
nina. É desta identidade de gê -
ner o , que os contr astes sociais e
cultur ais apenas emoldur am, que a
autor a alimenta a r elação cir cuns -
tancial de per sonagens oriundas
de m undos separ ados por suas ori -
gens. Esses contr astes aca bam por
unir as duas m ulher es por aquilo
que vi v em como insegur anças
amor osas, angústia de solidão
pr essentida e tantos outr os desa -
fios e xistenciais. Ainda que alguns
aspectos da permanência de Si -
mone no Br asil surjam como r e -
ferência “histórica”, é sob a égide
do ficcional que o te xto r e v este a
“e xperiência” br asileir a da escri -
tor a fr ancesa. Mesmo que J uliana
Rosenthal K. distenda a tr ama em
detrimento de maior concentr ação
dr amática, demonstr a segur ança e
domínio nos diálo gos e na ela bo -
r ação das per sonagens. Beauv oir é
apr esentada, não como m ilitante
da causa feminista mas uma m u -
lher em conflito consigo mesma,
mais do que em confr onto com o
m undo . A jo v em, mesmo mostr an -
do-se um tanto ingên ua diante da
maturidade da escritor a, não deixa
de ser plausív el e v er dadeir a, pelo
menos nas últimas cenas.
J osé Rubens Siqueir a intentou
um tr atamento sua v e na dir eção ,
sem maior es contr astes estilísti -
cos, o que permite às duas atriz es
composições bem definidas. A ce -
no g r afia simples de Isa y W einfeld
e com inesper ado efeito de que -
br a, os figurinos de Cássio Br asil,
que v estem Simone de Beauv oir
como se r epr oduzisse f oto g r afia
da época, e a iluminação sensív el
de Guilherme Bonf anti apoiam a
montagem. P aula W einfeld, que a
princípio ameaça basear sua in -
ter pr etação em ingen uidade “co -
lonizada”, e v olui ao longo do es -
petáculo , alcançando boa atuação
nas cenas finais. Marisa Orth,
em que pese o mimetismo nos
gestos e no desenho cor por al da
figur a da escritor a, ultr apassa
essa linha e xteriorizada ao pr o-
jetar o mau humor , os sentimen-
tos e os compr omissos da vida
intelectual com limpidez equi-
libr ada, dosando r acionalidade,
emoção e fr agilidade de uma m u-
lher , que não por acaso se c hama
Simone de Beauv oir .-->Na pele de Simone de
Beauvoir , Marisa Or th
dosa racionalidade,
emoção e fragilidade-->Divulgação-->COMPLEXA
-->–A
atriz ultrapassa
o mimetismo
ao pr ojetar os
sentimentos
da escritora