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Cúpula da Amazônia: Lula pede a países ricos que se conscientizem de que são a causa do problema das mudanças climáticas

Em seu discurso no encerramento do evento, presidente lembrou que gastos militares ainda importam mais do que gastos com o meio ambiente

Por POLÍTICA JB
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Publicado em 09/08/2023 às 17:52

Lula com outros líderes na foto oficial da Cúpula da Amazônia Ricardo Stuckert

Chegou ao fim nesta quarta (9) a Cúpula da Amazônia, evento que aconteceu em Belém. Em suas declarações finais, Luiz Inácio Lula da Silva disse que "não podemos aceitar um neocolonialismo verde que, a pretexto de proteger o meio ambiente, impõe barreiras comerciais e medidas discriminatórias e desconsidera nossos marcos regulatórios e políticas domésticas".

Em outro momento, Lula pediu a países ricos que se conscientizem de que são eles a principal causa do problema das mudanças climáticas.

"O 10% mais ricos da população mundial são responsáveis por mais de 75% da riqueza e emitem quase metade de todo o carbono que é jogado na atmosfera. Não haverá sustentabilidade sem justiça […] vamos à COP28 para dizer ao mundo rico que, se eles realmente querem preservar o que temos da selva, têm que colocar dinheiro", disse.

Ao mesmo tempo, Lula pontuou que não são países como Brasil, Venezuela ou Colômbia que precisam do dinheiro, mas, sim, a natureza.

"Não é o Brasil que precisa de dinheiro, não é a Colômbia que precisa de dinheiro, não é a Venezuela. É a natureza, contaminada pelo desenvolvimento industrial de mais de 200 anos, que precisa que paguem sua parte agora para que possamos poder restaurar parte do que está danificado; é a natureza que precisa de dinheiro, financiamento", declarou.

De acordo com o presidente, os países detentores de florestas tropicais "herdaram do passado colonial um modelo econômico predatório, baseado na exploração irracional dos recursos naturais, na escravidão e na exclusão sistemática das populações locais".

Lula também voltou a criticar os gastos militares, "que drenam recursos de que o mundo precisa para a promoção do desenvolvimento sustentável", e a cobrar os países ricos a destravar o fundo verde de US$ 100 bilhões (cerca de R$ 459 bilhões) por ano, iniciativa conhecida como Fundo Global para o Meio Ambiente, que nunca saiu do papel.

O líder brasileiro também citou o organismo no qual países amazônicos dividem cadeiras, enquanto nações ricas têm assentos próprios: "Sanar a falta de representatividade é elemento essencial de uma proposta abrangente e profunda de reforma da governança global que beneficie todos os países em desenvolvimento", disse.

A realização da Cúpula da Amazônia teve como organizador principal o Brasil, mas também contou com a atuação da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), uma organização intergovernamental formada por Brasil, Bolívia Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela. (com Sputnik Brasil)