SAÚDE

Congresso discute efeitos da covid-19 na função erétil e urinária

Estudo com pacientes no Hospital das Clínicas em 2020 constatou casos de sintomas de trato urinário na fase aguda da doença. Dados são apresentados em congresso de urologia

Por SAÚDE JB
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Publicado em 12/12/2021 às 18:47

Alterado em 12/12/2021 às 18:52

O 38º Congresso Brasileiro de Urologia (CBU) vai até quarta-feira (15) Foto: Reuters/Dado Ruvic

Um estudo realizado com 255 adultos – sendo 138 homens e 117 mulheres, internados com diagnóstico de covid-19 no Hospital das Clínicas em 2020 – constatou casos descritos de sintomas de trato urinário inferior (LUTS) na fase aguda da doença. Os dados são apresentados a partir deste domingo (12), no 38º Congresso Brasileiro de Urologia, em Brasília.

De acordo com a pesquisa, 88.4% dos homens e 90.6% das mulheres relataram a presença de ao menos um dos sintomas avaliados pelo questionário International Prostate Symptom Score (IPSS). O IPPS – desenvolvido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) – é baseado em oito perguntas e visa monitorar, diagnosticar e direcionar o tratamento de pacientes portadores de hiperplasia prostática benigna.

A pesquisa apontou, ainda, que os sintomas mais prevalentes foram noctúria (62.0%), que também é chamada de diurese noturna, e frequência miccional aumentada (50.2%). As outras notificações verificadas foram frequência por urgência (42.0%), esvaziamento incompleto (39.2%), jato fraco (29.8%), intermitência (29.4%) e esforço miccional (20.0%). A prevalência de LUTS moderados a graves ficou em 42.4%, tanto em homens quanto em mulheres.

 

Insatisfação

Entre os pacientes, 44.5% dos participantes da pesquisa se mostraram insatisfeitos com sua qualidade de vida em relação aos LUTS. “O aumento da frequência miccional é caracterizado pelas idas ao banheiro em intervalos curtos, menores que 2h, durante o dia. A noctúria é o ato de acordar à noite para urinar”, informou a urologista Julia Souza, uma das autoras do estudo.

 

Avaliação multidisciplinar

Os pacientes do estudo foram convidados a participar de avaliação multidisciplinar seis meses após a alta. Foram considerados os dados sociodemográficos e clínicos e informações sobre a internação, como tempo de estadia, necessidade de terapia intensiva, intubação e hemodiálise.

Além de avaliar a prevalência de LUTS seis meses após a hospitalização para tratamento da covid-19, a pesquisa investigou a correlação entre comorbidades e parâmetros de gravidade da doença pandêmica e a prevalência de LUTS, cuja presença foi avaliada por meio do questionário International Prostate Symptom Score (IPSS).

Conforme os pesquisadores, os participantes classificaram a própria saúde como “muito ruim, ruim, razoável, boa ou muito boa”. A idade média dos participantes foi 57,3 (43,9 – 66,7) anos. Homens e mulheres eram comparados em termos de idade, nível educacional, atividade física, saúde geral, comorbidades e parâmetros de gravidade da covid-19.

Na análise multivariada e ajustada para idade, a diabetes e a percepção da própria saúde como moderada, ruim ou muito ruim, foram os únicos fatores associados a maior risco de LUTS moderados a graves.

 

38º Congresso Brasileiro de Urologia

O estudo que foi o primeiro a avaliar a característica e a prevalência de sintomas urinários em longo prazo após a covid-19 vai ser um dos trabalhos apresentados no 38º Congresso Brasileiro de Urologia (CBU), que começa neste domingo (12) e vai até quarta-feira (15). Outro estudo, que também abordou a chamada long covid (covid prolongada), será apresentado e mostrou que a disfunção sexual atingiu 78,3% das mulheres menores de 45 anos, 96,2% daquelas entre 45 e 65 anos e 100% das com mais de 65 anos de idade.

O encontro, que será em sistema híbrido - presencial no Centro Internacional de Convenções do Brasil, em Brasília, e online – é o maior evento da especialidade na América Latina e o primeiro de urologia no mundo a ocorrer também no formato presencial desde o início da pandemia. O CBU 2021 terá 86 palestrantes internacionais e mais de 350 nacionais. O encontro é organizado pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) a cada dois anos.

O presidente da Comissão Científica do CBU 2021, Lucas Nogueira, destacou o nível científico elevado do Congresso. “Temos um recorde de palestrantes estrangeiros. O formato online facilitou a maior participação de expoentes da urologia. Os principais nomes brasileiros estarão lá presencialmente para essa troca. Os cursos ficarão disponíveis online também, o que facilita o aprendizado, pois você pode assisti-lo novamente. Nossa perspectiva é reunir presencial e on-line cerca de 2.500 pessoas”, disse.

O presidente da SBU, professor Antônio Carlos Lima Pompeo, disse que o CBU é o terceiro maior congresso da especialidade no mundo. “Vamos discutir as principais novidades em uro-oncologia, disfunção erétil, infertilidade, urologia pediátrica, incontinência urinária, entre outros assuntos”, revelou.

 

Fórum de Saúde do Homem

Ainda na programação, na terça-feira (14) vai ocorrer em formato online, das 8h às 18h, o 1º Fórum de Saúde do Homem, que é uma parceria entre a SBU, Ministério da Saúde e o Conselho Federal de Medicina. A ideia é integrar os profissionais de saúde da área básica e a sociedade de forma geral, na discussão das ações propostas desde 2009 para a saúde do homem que ainda não alcançaram o objetivo final, como mudanças de indicadores de saúde e principalmente na qualidade e expectativa de vida dos homens no Brasil. Entre os temas do Fórum estão as doenças do homem, os tumores mais prevalentes, a saúde mental, a saúde do adolescente e do idoso e o acesso e acolhimento do homem ao SUS. (com Agência Brasil)

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