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Merkel denuncia extrema direita por 'caça' aos imigrantes

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A chanceler alemã, Angela Merkel, denunciou nesta segunda-feira (27) a "caçada coletiva" de imigrantes por parte de militantes de extrema direita na Alemanha, após a morte de um homem durante uma briga, episódio que intensificou o debate sobre a questão migratória.

Esses fatos "não cabem em um Estado de Direito", afirmou o porta-voz da chanceler, Steffen Seibert, durante uma entrevista coletiva em Berlim.

"É importante para o governo, para todos os representantes democráticos e - acho que - para a grande maioria da população dizer claramente que esses tumultos ilegais e caçadas coletivas contra pessoas de aparência, ou origem, estrangeira (...) não têm lugar no nosso país", afirmou Seibert.

Vários manifestantes ficaram feridos por fogos de artifício e objetos lançados em uma concentração de milhares de partidários da extrema direita na noite desta segunda-feira em Chemnitz, no leste do país, onde um alemão branco de 35 anos foi morto em uma briga supostamente envolvendo um sírio e um iraquiano.

A polícia desta cidade da antiga Alemanha Oriental não informou o número de feridos no protesto desta segunda-feira ou sua gravidade, durante uma manifestação que reuniu mais de 2 mil partidários da extrema direita e cerca de mil contramanifestantes ligados à esquerda radical, segundo a agência alemã dpa.

"Merkel deve partir", gritavam os manifestantes agitando bandeiras da Alemanha e do partido de extrema direita AfD. "Detenham os pedidos de asilo" e "Defender a Europa!" - diziam vários cartazes.

No domingo, quase mil pessoas participaram de outra manifestação ilegal da extrema direita após a morte do alemão em Chemnitz.

Segundo várias testemunhas e vídeos publicados nas redes sociais, alguns manifestantes agrediram fisicamente e perseguiram imigrantes durante o protesto de domingo. Também gritavam slogans como "fora, estrangeiros" e "nós somos o povo".

A Polícia informou ter recebido duas denúncias por golpes e ferimentos.

A prefeita de Chenmitz, Barbara Ludwig, expôs sua "indignação" com os recentes episódios.

"É grave que as pessoas possam se manifestar dessa forma (...) perseguindo e ameaçando outras pessoas pela cidade", disse ela à rede de televisão local MDR.

"Aqueles que se concentraram sem autorização queriam provocar o caos e espalhar o medo entre a população", denunciou.

Segundo a Polícia, ainda são incertas as circunstâncias da briga na origem da polêmica, registrada no sábado à noite.

A Polícia informou apenas que a vítima era de nacionalidade alemã e que, no confronto, estiveram envolvidas pessoas de "várias nacionalidades". Não mencionou se o autor do homicídio foi uma pessoa de origem estrangeira.

Outras duas pessoas, na faixa dos 30 anos, também ficaram feridas nesses incidentes. Dois jovens também foram detidos, mas não há informações sobre seu envolvimento na briga.

O movimento xenófobo e islamofóbico Pegida e o partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD) convocaram as manifestações para o local onde ocorreu a briga que provocou a morte.

O Pegida exigiu do governo alemão que "reforce a segurança" dos cidadãos e "mude" sua política. O movimento de extrema direita garante que a vítima, de 35 anos, foi esfaqueada, "enquanto tentava proteger sua mulher".

Este incidente acontece em um momento de grande tensão do debate migratório no país. Merkel é, com frequência, criticada por ter favorecido um aumento da criminalidade na Alemanha, após ter permitido a chegada de mais de um milhão de refugiados entre 2015 e 2016.

As críticas surgem, sobretudo, da extrema direita, com grande adesão no leste do país.

Depois de ter-se tornado a terceira força do país no ano passado, com cerca de 90 deputados eleitos no Parlamento, o AfD marca a agenda política na Alemanha.

ylf/ilp/eb/eg/tt