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BNDES apresenta defesa

Banco faz auditoria interna para avaliar supostas operações ilícitas favorecendo JBS

Agência Brasil -
A PF indiciou o ex-presidente do BNDES Luciano Coutinho, além de Joesley Batista, da JBS, e os ex-ministros Guido Mantega e Antônio Palocci
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O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) informou que “não identificou nenhum fato relevante” em investigação interna sobre supostas operações financeiras ilícitas para favorecer a JBS. Em nota, o BNDES destacou que instaurou uma Comissão de Apuração Interna sobre o caso e que “não identificou nenhum fato relevante, conforme consta de suas demonstrações financeiras publicadas em 30 de junho deste ano”.

Na quinta-feira, dia 23, a Polícia Federal concluiu o inquérito da Operação Bullish e indiciou o ex-presidente do banco Luciano Coutinho por supostamente participar de esquema que teria provocado um rombo de R$ 1 bilhão.

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A PF indiciou o ex-presidente do BNDES Luciano Coutinho, além de Joesley Batista, da JBS, e os ex-ministros Guido Mantega e Antônio Palocci

A PF indiciou Coutinho por crime contra o sistema financeiro, quadrilha, lavagem de dinheiro e patrocínio de interesses privados perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário.

Além de Coutinho, a PF enquadrou criminalmente o empresário da JBS Joesley Batista e os ex-ministros da Fazenda nos governos Lula e Dilma, Antônio Palocci e Guido Mantega.

Joesley foi indiciado por crime contra o sistema financeiro, corrupção ativa e lavagem de dinheiro. Palocci por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Mantega, que a PF afirma ter feito o papel de “agente duplo”, por crimes contra o sistema financeiro, lavagem de dinheiro, quadrilha e corrupção passiva.

Sobre o ex-presidente do BNDES, a PF pontuou no relatório final. “Desse modo, e por todo o conjunto de provas materiais e testemunhais, conclui-se que o ex-presidente Luciano Galvão Coutinho aceitou e assumiu a tarefa de encabeçar a instituição com o intuito de garantir a continuidade de um ciclo de retroalimentação de propinas, inaugurado na gestão de Guido Mantega à frente do BNDES. Reitere-se que as doações apenas foram possíveis com investimentos muito maiores do que o necessário para atingimento das finalidades de internacionalização da JBS S/A.”

O banco, na nota divulgada ontem, afirmou que “tomou conhecimento pela imprensa dos recentes desdobramentos da Operação Bullish”. “O banco ainda não teve acesso ao relatório da Polícia Federal. A instituição sempre colaborou com as autoridades e continuará prestando todas as informações solicitadas nas demais etapas do processo, que agora será avaliado pelo Ministério Público Federal”, diz o texto.

O BNDES informou, ainda, que também contratou uma auditoria internacional independente, conduzida pelos escritórios Cleary Gottlieb Steen & Hamilton LLP, dos EUA, e o brasileiro Levy & Salomão, “com largas experiências em temas financeiros complexos, para aprofundar as investigações internas e dar maior segurança às suas informações financeiras, auditadas pela KPMG e Grant Thornton”.

“O Banco acompanha o trabalho da Polícia Federal, do Ministério Público, do Poder Judiciário e das instituições de controle do Estado brasileiro, na crença de que, ao final, os fatos serão adequadamente esclarecidos à sociedade”, afirma a instituição.

O BNDES destacou que “reitera a confiança na impessoalidade de seus processos colegiados e na integridade de seu corpo técnico”

Sobre Mantega, a PF cravou. “O papel do ex-ministro Guido Mantega foi o de um verdadeiro agente duplo, pois, ao mesmo tempo em que era o “gerente de projeto” da internacionalização da empresa Friboi - JBS S/A., desde a concepção inicial do projeto, era também o responsável pela edição de atos e políticas governamentais que garantiram a execução desse projeto“

Em outro trecho do relatório da Operação Bullish, a PF ainda diz sobre Mantega. “Por, na condição de ministro da Fazenda, ter favorecido em decisões macroeconômicas do governo a empresa Friboi- JBS S/A ao mesmo tempo em que atuava como uma espécie de lobista do empresário Joesley Mendonça Batista no governo federal (agora sem a atuação de intermediários), promovendo reuniões junto ao ex-presidente do BNDES Luciano Galvão Coutinho e gestores de Fundos de Investimento, acelerando tramitações, destravando eventuais embargos que surgissem nos projetos de investimento, conforme narrativa de Joesley Mendonça Batista, corroborada pelas provas colhidas nos autos e também na Operação Sépsis, compartilhadas com essa investigação.”

A PF destaca o que a levou a indiciar Palocci. “Em razão de ter recebido da JBS S/A o valor de quase R$ 2,5 milhões, enquanto exercia o mandato de deputado federal da base do governo, a título de ‘consultoria’, em contratos firmados com a Projeto Consultoria, representada por sua secretária, Rita de Cássia dos Santos.”

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