ASSINE
search button

Tua glória é sofrer

Compartilhar

Não me lembro qual foi a última vez que esse time do Flamengo deu prazer de vê-lo jogar. Nem mesmo quando obteve os seus melhores resultados empolgou. Ao contrário, basta ver a suada classificação contra o Grêmio, na Copa do Brasil, com um gol de empate choradíssimo, no último lance na arena gremista, e uma vitória por 1 a 0, no Maracanã, passando um sufoco absurdo no segundo tempo.

No melancólico empate com o América Mineiro, no Independência, não foi diferente. Embora tenha conseguido vantagem no placar duas vezes (1 a 0 e 2 a 1), em momento algum a equipe de Barbieri deu ao seu torcedor a segurança da vitória e a satisfação de uma boa atuação. O empate final (que voltou a levar a diferença para o São Paulo a quatro pontos) apenas coroou a frustação com um elenco caríssimo, teoricamente, com alguns jogadores capazes de fazer a diferença, mas que, na prática, não consegue decolar.

Esse estilo de jogo (que vem desde a época de Zé Ricardo), além de se mostrar improdutivo e irritante, nada tem a ver com o tradicional espírito rubro-negro – ofensivo e dominante. São toquinho demais, corrupios em excesso, bolas retrasadas para o goleiro em número absurdo (o Fla deve ser o campeão mundial desses recuos) e chuveirinhos incessantes sobre a área.

Nada de jogadas ensaiadas, nada de chutes de fora da área, nada de lances de linha de fundo, nada de objetividade no ataque. O resultado é que não há jogos fáceis, nem prazerosos de se ver com esse Flamengo. Na tal história de saber sofrer (tão em voga na linguagem dos “professores”), mais que o time, a torcida já está se tornando PHD – à força.

O melhor e o pior

Dignos de elogios, no empate no Independência, apenas Everton Ribeiro (o melhor em campo, disparado), Cuellar e Diego, esse principalmente pelo espírito de luta. Paquetá até fez um gol, mas teve atuação desastrosa no primeiro tempo e, no segundo, depois de marcar, de cabeça, desperdiçou a grande oportunidade que o Fla teve para liquidar a fatura, quando o placar ainda era 2 a 1 e o rubro-negro já tinha um a menos em campo.

Cara a cara com o goleiro, tentou uma cavadinha e permitiu a defesa. Aliás, a preocupação de querer enfeitar todos os lances tem prejudicado sensivelmente suas últimas atuações. Há quem diga que ficou mascarado. Se é verdade, comprometerá o seu futuro. Uma pena.

O troféu de pior rubro-negro, entretanto, coube ao técnico Maurício Barbieri. A começar pela inacreditável insistência com o horroroso Henrique Dourado – sem dúvida alguma, um dos centroavantes mais botinudos do Flamengo em todos os tempos.

Não satisfeito, o treinador foi covarde nas substituições, após a expulsão de Cuellar. Ao tirar Diego e Vitinho, sepultou as possibilidades de contra-ataque e entregou de mão beijada o domínio de campo para o América Mineiro. Se tivesse colocado apenas Piris da Motta, no lugar do inútil Dourado, deslocando Vitinho para o meio, seu time poderia ter aproveitado os espaços que passaram a se abrir, quando os mineiros se lançaram em busca do empate, e um gol em contra-ataque seria bem possível.

Com as entradas de Arão (outro odiado pela torcida, mas queridinho de Barbieri) e Rhodolfo, virou ataque contra defesa e o empate acabou saindo numa falta desnecessária de Léo Duarte (que teve péssima atuação, bobeando no gol de He-Man), cobrada no travessão e dando um rebote no qual os rubro-negros dormiram no ponto.

Para coroar as bobagens que fez, na partida, Barbieri ainda teve o desplante de dizer, na coletiva, que o rubro-negro jogou bem e só deixou escapar a vitória por “circunstâncias do jogo”. Como diz aquele velho ditado, o pior cego é o que não quer ver.

Na próxima quarta-feira, o Flamengo volta a Belo Horizonte, para enfrentar o Cruzeiro, pela Libertadores, com uma desvantagem de dois gols. O que a maior torcida do país pode esperar? Com certeza, sofrimento, muito sofrimento. Uma vez mais. Seja qual for o resultado.

Pior que a derrota

Ser derrotado pelo Cruzeiro, no Mineirão, não chegou a ser um desastre para o Fluminense. Péssimo mesmo, foi perder Pedro, no mínimo, pelas próximas três semanas, talvez até mais, se for necessária uma cirurgia para corrigir o estiramento que sofreu nos ligamentos do joelho direito. O jovem centroavante é o atual artilheiro do Brasileiro e um dos poucos do elenco tricolor capaz de fazer a diferença, individualmente. Kayke, seu substituto, é bem mais limitado. E pareceu estar acima do peso, na estreia.

Bom reforço

Erik, novo atacante do Botafogo, surgiu muito bem no Goiás, de lá foi para o Palmeiras e, antes de vir para o Glorioso, passou pelo Atlético Mineiro. É bom jogador e não sei o motivo de não ter se firmado em seus últimos clubes. Acho que será um ótimo reforço para o alvinegro, podendo formar uma boa dupla de ataque com Aguirre, que finalmente desencantou na vitória contra o Sport. Caso isso se confirme, os pesadelos de Zé Ricardo diminuirão bastante.

Errata

O US Open começa hoje e não ontem, como escrevi, equivocadamente, na última coluna. Não perca Dimitrov x Wawrinka. Nem a estreia de Nadal, na sessão noturna. Federer e Djokovic, só amanhã.

Tags:

coluna | futebol