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Vox Populi, Vox Dei

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Dr Edgard Estrela, o único diretor de trânsito vitalício do Rio, que me inoculou o “micróbio do trânsito”, sempre dizia que não se administra o trânsito de uma cidade sem a colaboração dos motoristas de táxi.

Confiante neste sábio conselho, quando tive a honra de me sentar na cadeira em que ele sentou, e a dignificou enquanto lá esteve, institui um questionário a ser respondido pelos taxistas, e enviado a mim, através sua associação, informando-me semanalmente de todas as deficiências que encontrassem nas vias da cidade, inclusive o desempenho do policiamento. Era a maneira de manter o poder público informado constantemente e, de certa foram, onipresente, uma vez que não existiam os progressos de câmeras de TV e da informática. Em compensação, a presença nas ruas das autoridades responsáveis pelo setor era notada, e os responsáveis ao alcance e conhecidos do povo.

Como avanço notável, o uso do helicóptero semanalmente, mais de um dia, para nas horas de pico observar ao vivo e em escala de 1:1 a planta da cidade com o movimento de seu tráfego. Os mais velhos se lembram, e acredito com saudades, daqueles bons tempos, quando havia um mínimo de multas, mobilidade urbana e um respeito à lei, mercê de um policiamento preventivo, profissional e eficaz, da Polícia Militar.

Não se esqueçam que um número elevado de multas ao lado de um número elevado de acidentes indica uma administração de trânsito ineficaz

Na fase atual de minha vida, quando aposentei pelo menos até o final deste ano o carro particular, a fim evitar o seu efeito estressante, face ao atual panorama urbano do Rio, utilizo ou o táxi executivo para sair de casa ou o comum, amarelo, circulante, para a volta.

Cabe aqui um elogio à qualidade deste serviço e a urbanidade dos motoristas que o praticam.

Como de hábito, tanto aqui como no exterior, de trocar ideias sobre o tráfego em que convivem, vou acumulando conhecimentos práticos que, como diria Noel Rosa, como o samba, não se aprende na escola. 

Assim é que, no outro dia, quando o meu condutor era por demais falante, teceu críticas sobre a falta de informações sobre as velocidades máximas permitidas nas diversas vias de circulação. 

Poderei que o Código de Trânsito é claro ao definir as mesmas, quanto à classificação das vias, se de trânsito rápido, 60 km; coletoras 40 km e locais, 30 km, ao que ele, com toda razão, argumentou: “Mas doutor, como é que eu vou sabe quem é quem, dentre elas?”

Expliquei-lhe, ao lhe dar razão, que os postes de todas as vias, exceto as expressas, identificadas as velocidades máximas, com placas e a sua ausência de cruzamentos, os postes das demais deveriam ter uma identificação de sua função no tráfego urbano. Recordei-lhe que, nas décadas de 30, 40 e 50, enquanto existiram os bondes, que agora vão promover sua volta, travestidos de VLT, os seus pontos de parada eram identificados, com uma banda branca pintada num poste de iluminação pública. Prometi que iria sugerir, através meus artigos no JB, que os doutos da CET Rio pintassem bandas coloridas nos postes, com as cores vermelho, amarelo e verde, para identificar respectivamente as vias locais, coletoras, e as de trânsito rápido. Não precisa ser em todos os postes, basta alternar esta marcação, que estariam contribuindo para maior segurança no nosso trânsito. Basta de noticiar acidentes sem propor uma solução lógica e, desculpem a imodéstia, inteligente.

Afinal, “o diabo sabe muito por que é diabo, mas sabe mais porque é velho”, como dizem os gaúchos e, não se esqueçam, os políticos, de que Vox Populi, Vox Dei, ou seja, a voz do povo é a voz de Deus, sempre expressa nas urnas, como verão dia 5 próximo.