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Um conto de duas cidades

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Este é o título de um livro do escritor inglês Charles Dickens, quando estabelece um paralelo comparativo entre Londres e Paris.

Mal comparando podemos estabelecer o mesmo, em relação a São Paulo e Rio, no que concerne às agruras do trânsito. 

Na segunda-feira, dia 28, quando redigi este artigo, ao tomar conhecimento, quer pela mídia impressa, quer pela eletrônica,do que estava acontecendo no trânsito do Rio, face ao fechamento da Avenida Rodrigues Alves, com a duração de uma ano, não resisti em denunciar, ao sofrido povo carioca que, tal calamidade poderia não acontecer ou, se tal acontecesse, seria em proporções toleráveis e, não desesperadoras como agora.

Sempre me preocupei, quando responsável pela mobilidade urbana do Rio, pela mobilidade dos veículos de socorro, principalmente a ambulância. Quando assumi, pela primeira vez, o trânsito do Rio, como seu diretor,em 1967, havia um engarrafamento crônico, na construção do Trevo das Forças Armadas, de iguais proporções ao que agora se criou. O problema  se criou no tráfego em direção ao centro,para quem vinha da zona norte, face á omissão do órgão responsável pelo trânsito. Foi a nossa primeira intervenção, desatando o nó, utilizando simplesmente os recursos de engenharia de tráfego. Recebemos dezenas de cartas e de ofícios de entidades médicas nos parabenizando e agradecendo a liberação daquele empecilho ao tráfego de suas ambulâncias, no seu trabalho humanitário de salvar vidas.

Tal reação me fez tomar consciência da importância da mobilidade dos veículos de socorro, a ponto de, um ano depois, no máximo, criarmos, nos eixos de sentido único, uma faixa exclusiva, para seu deslocamento, com o alerta pintado no piso : Pista Livre, que deveria ser liberada pelos veículos em circulação, ao ouvirem o sinal de alarme dos veículos de socorro.

A recomendação, pura e simples aos responsáveis pela mobilidade, aparentemente conformados com o fato,recomendando que a população deve utilizar o precário transporte público, viajando como gado, assemelha-se muito á declaração infeliz da imperatriz francesa, Maria Antonieta, quando a ela denunciaram que o povo não tinha pão: “Pois então que comam brioches”

No caso, existe o “brioche”.É só pura e simplesmente terem a coragem cívica e política de racionarem o exíguo espaço viário, resultante desta intervenção atual, racionando o uso do espaço existente, taxando alto o carro de passeio transportando apenas o seu condutor,nos horários de pico, cerca de 96% do volume circulante, tendo a coragem, no seu significado mais amplo do vocábulo,  de adotar o sistema URV, Utilização Racionada das Vias, capaz de retirar de 50 a 80% desse veículo egoisticamente utilizado. Estaríamos dando á ambulância a sua garantia de trânsito livre, hoje, pelo que vi nas imagens, desumanamente, impossível.

Tal sistema, aqui sugerido para o Rio, face a este imbróglio, previsto para um ano, aplica-se  no caso de São Paulo, para o seu congestionamento permanente.

Senhores responsáveis pela mobilidade urbana do Rio, que não ela não será resolvida, apenas com o BRT, se duvidam, pesquisem, quantos, de seus usuários, o preferem ao carro. E, finalizando este alerta: Saibam que o doente emergencial não pode utilizar o transporte público, ainda mais o que nós temos, ou melhor, julgamos ter.