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Em carta, atirador diz que não seria tocado por "impuros"

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O atirador que matou 13 crianças na Escola Municial Tasso da Silveira, em Realengo, na Zona Oeste do Rio, disse em carta que ele era um homem puro e que não deixaria que pessoas impuras o tocassem. A polícia investiga se Wellington Menezes de Oliveira se referia às mulheres quando falava em "pessoas impuras", já que dez das vítimas fatais eram meninas.

No texto, Wellington afirma que sabia que não sairia vivo da escola. Inclusive, ele estava com um lençol branco no qual pediu para ser carregado. O atirador pedia ainda para ser enterrado junto de sua mãe adotiva, falecida há um ano, e que morava a três quadras da escola onde ocorreu o massacre.

Leia a carta:

“Primeiramente deverão saber que os impuros não poderão me tocar sem luvas, somente os castos ou os que perderam suas castidades após o casamento e não se envolveram em adultério poderão me tocar sem usar luvas, ou seja, nenhum fornicador ou adúltero poderá ter um contato direto comigo, nem nada que seja impuro poderá tocar em meu sangue, nenhum impuro pode ter contato direto com um virgem sem sua permissão, os que cuidarem de meu sepultamento deverão retirar toda a minha vestimenta, me banhar, me secar e me envolver totalmente despido em um lençol branco que está neste prédio, em uma bolsa que deixei na primeira sala do primeiro andar, após me envolverem neste lençol poderão me colocar em meu caixão. Se possível, quero ser sepultado ao lado da sepultura onde minha mãe dorme. Minha mãe se chama Dicéa Menezes de Oliveira e está sepultada no cemitério Murundu. Preciso de visita de um fiel seguidor de Deus em minha sepultura pelo menos uma vez, preciso que ele ore diante de minha sepultura pedindo o perdão de Deus pelo o que eu fiz rogando para que na sua vinda Jesus me desperte do sono da morte para a vida.”

"Eu deixei uma casa em Sepetiba da qual nenhum familiar precisa, existem instituições pobres, financiadas por pessoas generosas que cuidam de animais abandonados, eu quero que esse espaço onde eu passei meus últimos meses seja doado a uma dessas instituições, pois os animais são seres muito desprezados e precisam muito mais de proteção e carinho do que os seres humanos que possuem a vantagem de poder se comunicar, trabalhar para se alimentarem, por isso, os que se apropriarem de minha casa, eu pelo por favor que tenham bom senso e cumpram o meu pedido, por cumprindo o meu pedido, automaticamente estarão cumprindo a vontade dos pais que desejavam passar esse imóvel para meu nome e todos sabem disso, senão cumprirem meu pedido, automaticamente estarão desrespeitando a vontade dos pais, o que prova que vocês não tem nenhuma consideração pelos nossos pais que já dormem, eu acredito que todos vocês tenham alguma consideração pelos nossos pais, provem isso fazendo o que eu pedi."

O crime

Um homem armado invadiu nesta manhã a Escola Municipal Tasso da Silveira, na Rua General Bernardino de Matos, em Realengo, na Zona Oeste do Rio, e iniciou disparos, deixando 11 crianças mortas - sendo dez meninas e um menino - e 18 feridos. Em seguida, ele se matou.

O atirador foi identificado como Wellington Menezes de Oliveira, de 24 anos, um ex-aluno da escola. Segundo uma médica, ele chegou a mostrar a carteira do colégio. Testemunhas informaram que o homem disse que iria fazer uma palestra. Ele foi para uma sala da oitava série, que fica no primeiro andar, e sem falar nada tirou uma pistola da bolsa e começou a atirar. 

A polícia chegou, e ele tentou subir para o segundo andar. Quando viu que estava cercado, deu um tiro na cabeça. Nenhum funcionário pôde se aproximar.

Os feridos foram levados para dois hospitais da região. Responsáveis pelos alunos afirmaram que o criminoso teria disparado mais de 100 vezes. As crianças da escola disseram que houve um 'grande banho de sangue'.