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Ansiedade e reparação

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Belo Horizonte - Neste domingo, o Brasil enfrenta a Áustria, que dizem jogar igual à Suíça. São diferentes. Dias atrás, falaram que Costa Rica escolheu a Inglaterra para o amistoso porque o time inglês é parecido com o Brasil. Nada a ver. No jogo da seleção contra a Croácia, disseram que os croatas eram idênticos à Sérvia. Não são. A Croácia gosta de jogar com a bola no chão, enquanto a Sérvia prefere cruzamentos na área.

Parece que todos os amistosos de todas as seleções foram organizados por causa da proximidade técnica e tática dos adversários da primeira fase. Deturpam a geografia e o estilo de jogar de cada país. Várias equipes têm o mesmo sistema tático, mas possuem estratégias bem diferentes.

Contra a Áustria, joga Coutinho pelo centro, e sai Fernandinho. Deve ser a equipe da estreia. Coutinho tem de participar também da marcação, para que Paulinho possa chegar à frente, sua principal qualidade. Se o Brasil for muito bem na primeira fase, Tite vai abandonar a ideia de colocar Fernandinho contra as grandes seleções, nos jogos mata-mata?

Durante as Copas do Mundo, mudam muito as escalações e o sistema tático das equipes. As verdades iniciais, ditas pelos apressados, geralmente, são frágeis e pantanosas.

Os atletas, de todas as seleções, já estão ansiosos. A ansiedade é um sentimento comum, frequente, diante de um perigo, real ou fantasioso. São demais os perigos desta vida.

A ansiedade é, geralmente, benéfica, pois aumenta a produção de substâncias químicas. O jogador fica mais esperto, atento, vibrante, corajoso. É o doping psicológico. Porém, se ultrapassar certos limites, a mente perde o controle do corpo, e o atleta comete erros bisonhos. Fica mais confuso, agressivo, em pânico. É uma das razões de muitas derrotas.

O ser humano convive também com uma ansiedade de percepção, uma dependência do afeto e da aprovação do outro. Por causa dessa fragilidade emocional, tenta sempre reparar pequenas e grandes coisas. Muitas vezes, isso é positivo. Além do talento individual e coletivo da seleção, há um grande desejo dos jogadores de reparar os 7 a 1 e recuperar o prestígio do futebol brasileiro, independentemente se o atleta esteve ou não presente em 2014.

Essa foi uma das razões da conquista da Copa de 1970, depois do fracasso de 1966. Como dizia o magistral e exagerado Nelson Rodrigues, "quem ganha as partidas é a alma". E também Neymar.