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Karate Kid está de volta, com um golpe de mestre

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Não sou muito fã de prequels (filmes que explicam origens de personagens icônicos, vide o fracasso do filme de Han Solo, em cartaz), nem de remakes ou reboots (que recomeçam ou refilmam algo já conhecido, para fazer uma atualização, nem tudo funciona) ou de sequências desnecessárias (muitas, apenas caça-níqueis). É preciso ter um algo mais para fazer esse tipo de coisa funcionar.

 Felizmente é o que acontece com “Cobra Kai”, série lançada pelo YouTube, que está com seus dois episódios (de um total de 11) liberados no famoso site/aplicativo, para todos assistirem. Mas, para continuar, será necessário assinar o serviço YouTube Red, a plataforma de streaming deste que é o único possível rival do Netflix, neste momento, no mundo. E, difícil vai ser não querer continuar, depois do piloto. 

Do que se trata? É uma continuação de ‘Karatê Kid’, aquele filme teen que misturava romance e artes marciais, que transformou o ator Ralph Macchio (que fazia Daniel-san) e seu mestre, o oriental Senhor Myiagi (Pat Morita, já falecido), em ícones dos anos 1980. Por conta do sucesso do primeiro, o fi lme teve duas sequências - que foram perdendo o fôlego gradualmente. 

E uma última tentativa, nos anos 1990, com uma aprendiz, a mocinha e então desconhecida Hillary Swank. E, mais recentemente, foi tentado um remake atualizado, com um dos fi lhos de Will Smith, Jaden, que foi apenas ok. 

“Cobra Kai”, a série, se passa 30 anos depois dos fatos mostrados no primeiro filme, quando Daniel LaRusso derrotou Johnny Lawrence (William Zabka) num campeonato de karatê no Valley (na grande área de Los Angeles), onde viviam. Neste corte de tempo, vemos que ambos (feitos pelos mesmos atores originais!) continuaram residindo na região (que engloba as localidades de Tarzana e Encino, onde fica o sítio Neverland, de Michael Jackson). Só que Daniel virou um próspero negociante de carros de luxo, enquanto Johnny vive de fazer bicos e mora num motel vagabundo, tendo se tornado uma pessoa amargurada. 

Contudo, por conta de fatos apresentados no excelente episódio piloto, Johnny resolve abrir um dojo e o batiza de Cobra Kai, seu codinome na época. E seu primeiro aluno/pupilo é um rapaz latino, que vive sendo perseguidos pelos valentões da escola local. Aí, entra na roda algo que os americanos adoram: o comeback, a redenção, a volta por cima. Por isso, foi acertado jogar o foco em cima do perdedor. A vida dele é mais interessante do que a do agora rico e estabelecido Daniel, ex-Karatê Kid. 

Assim, com personagens bem escritos e sem apelar apenas para a nostalgia, Cobra Kai dá o seu recado. E, convence pessoas que, como eu, não curtiriam muito ver esse tipo de coisa. Ralph Macchio, um dos produtores, foi muito bem-sucedido nesta jogada. Mas a série, que tem cara de ter fôlego para durar apenas uma temporada, já teve a segunda anunciada, prevista para estrear no ano que vem. 

É mais ou menos assim que se deve fazer um reboot. Até os mais céticos apreciarão. 

RUGIDOS

• Julia Roberts anunciou que vai produzir e estrelar a adaptação do livro “Little bee”, de Chris Cleave, para a Amazon. Ainda não se sabe quem fará o papel-título, o de uma jovem nigeriana que pede asilo nos Estados Unidos. 

• Amazon lançou a minissérie, em seis capítulos, “Picnic at hanging rock”, que foi um ?lme australiano de sucesso, nos anos 1970, dirigido por Peter Weir (aqui, “Picnic na montanha misteriosa”). Quem estrela a minissérie é Natalie Dormer (“Game of Thrones”). 

• Depois de dois anos fora do Brasil, o canal Film&Arts voltou e, ? nalmente, entrou no lineup da Net (20 anos depois!), também em versão HD. Alguns programas exclusivos do canal são a série “Maigret” (com Rowan Atkinson) e o famoso “Direto do Actor´s studio”; além do talk-show de Graham Norton, que sumiu de cena, desde que a BBC saiu da América Latina.