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Streaming, a nova ‘ameaça’ ao cinema?

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Quando a TV se popularizou, sobretudo nos Estados Unidos, nos anos 1950 - e ameaçou o cinema -, os estúdios inventaram filmes em formatos grandiosos. Como o Cinerama (que usava três projetores simultâneos, para criar uma supertela), o CinemaScope e filmes em 70mm e com som estereofônico, que não caberiam numa caixinha com som ruim. Ainda nos anos 1950, criou-se o 3D, geralmente usado em filmes de terror e sci-fi , pois faziam a plateia pular nas cadeiras. 

Poucos anos adiante, isso foi levado ao extremo, com os filmes-truque de William Castle (enfocado em “Matinê”, de Joe Dante), com poltronas que davam choque, fumaça e outras bossas. Nos anos 1980, John Waters criou o Odorama, cartela de odores usada para assistir a “Polyester” (veio assim aqui, num FestRio), que emanava cheiros diversos (do bom ao podre).

Décadas depois, todos estes “truques” estão de volta. Mas, agora, o inimigo do cinema, nem é mais a TV paga. Ele atende por nomes como streaming e VOD (video on demand). Estão ali, nas SmarTVs, na palma da mão. Por isso, o 3D digital (que aposentou o estilo antigo, com óculos de papelão e lentes de celofane azul/vermelhos) e os filmes em telas imensas (iMax, filho do Cinerama) voltaram com força total.  

Agora, chegaram as salas 4D. Nestas últimas, os filmes têm cheiro, provocam sacolejos nas poltronas, as luzes piscam simulando explosões, sai fumaça, jorra água fina, sopra ventinho na orelha, uma versão mais elaborada dos truques de Castle. Hoje, o “inimigo” não é a TV em si. Mas, a tecnologia que ela possui (4k, 3D, aplicativos de streaming, YouTube etc). É preciso tirar as pessoas do conforto do lar, sem os perrengues de uma ida ao cinema (estacionamento, pipoca cara, gente que usa o celular na sala e faz barulho etc). 

Contudo, nem as salas 4D são novidade. Elas já existem em parques temáticos americanos desde os 80s. Um dos experimentos pioneiros foi “Captain Eo”, de Francis Ford Coppola (!), com Michael Jackson (!!). Peguei o filme já nas suas exibições finais, no Epcot Center. Além de tudo o que rola numa sala 4D, também caiam “pedaços” de coisas na plateia. Era bem mais “real”. Então, se a sala 4D também não é nenhuma novidade, pelo menos, dará um sabor a mais para filmes medianos. Melhora o a experiência. 

Só que, diferentemente dos filmes especiais, que duravam cerca de 50 minutos (assim como aqueles filmes técnicos/científicos do começo do iMax), ver blockbusters com mais de duas horas, nestas salas, é algo cansativo. Mas, divertido. Até passar a novidade. Afinal, o streaming caseiro, está logo ali, ao alcance dos dedos. Barato. E com cada vez mais atrações. 

Assim, como dizia o Chacrinha, a máxima do “nada se cria, tudo se copia” se repete ad infinitum. Nem o cinema vai acabar. Muito menos, a TV. Evoluções...

RUGIDOS

•  O serviço de streaming americano Hulu, anunciou que acaba de cruzar a barreira dos 20 milhões de assinantes. Graças, em parte, ao sucesso de sua produção própria, a premiada “The handmaid´s tale”. Suas novas produções para 2018 incluem “Catch-22” (produzida, dirigida e estrelada por George Clooney), a versão para TV de “Quatro casamentos e um funeral” e a antologia de terror “Castle rock”, baseada em Stephen King.

• “13 reasons why”, a série da Net? ix, que cativou e provocou polêmica quando lançada (por tratar sobre o delicado tema suicídio), volta com sua segunda temporada no próximo dia 18, para responder questões que ? caram pendentes.

•  “A odisseia”, de Jérome Salle, estreou nas plataformas de streaming. O ? lme conta a jornada do oceanógrafo, escritor e documentarista francês Jacques Cousteau. Audrey Tautou, a eterna Amèlie, está no elenco.