ASSINE
search button

Agenda de 8 a 14 de outubro: Rio tem Bienal de Música Contemporânea 

Compartilhar

A festa da Música Contemporânea é o que acontecerá no Rio de Janeiro de 10 a 19 de outubro,com a realização da XXI Bienal de Música Brasileira Contemporânea, um evento da Fundação  Nacional  de  Artes – Funarte e o

Ministério da Cultura,com menção especial aos 70 anos da morte de Mário de Andrade e ao centenário de nascimento de Hans-Joachim Koellreutter. Serão ao todo 10 concertos com a estréia mundial de 66 obras,divididas em dois segmentos,as encomendas aos compositores veteranos e a escolha de novas obras através seleção por concurso de novos compositores. Uma variedade de formações fará parte dos concertos,tanto vocais quanto instrumentais desde intérpretes solos a orquestras,coros incluindo também a música eletrônica.

O concerto de abertura está marcado para o próximo dia 10 de outubro,às 17 horas,no Theatro Municipal do Rio de Janeiro,tendo no palco a  Orquestra Juvenil da Bahia, Neojiba,com regência de Eduardo Torres e Ricardo Castro. Serão ouvidas obras dos compositores Jorge Antunes, Paulo Costa Lima, Lucas Duarte, Eli-Eri Moura e Liduino Pitombeira. Já o concerto de encerramento será no dia 19 de outubro,às 19 horas,na Sala Cecília Meireles,com o recital “Coletivo Chama canta Mário de Andrade” ,

quando o grupo interpretará obras de Mário de Andrade em parceria com Francisco Mignone,Lorenzo Fernandez e Camargo Guarnieri,além de canções anônimas,recolhidas por Mário no folclore brasileiro.

Nesses nove dias passarão pelos palcos várias vertentes,segmentos,estilos dentro da música contemporânea, um verdadeiro leque de opções, um mosaico de escuta, conhecimento e o principal, a possibilidade do público conhecer a música contemporânea,os que ainda não ouviram ou não conhecem pelo menos tem a oportunidade de apreciar o que os nossos compositores  estão escrevendo, suas tendências, seus credos, seus talentos, suas virtudes,alguns com grande importância no cenário nacional,outros agraciados com os mais cobiçados prêmios internacionais de composição do planeta. O público é quem ganhará a oportunidade de estar junto e escutar as estréias mundiais,feitas com exclusividade para o evento.

A coluna enviou uma pergunta única para alguns compositores no intuito de conhecer mais o universo desses artistas da escrita que tão bem colocam seus pensamentos e suas verdades no papel transformando-as em sons dos mais diferentes tipos,cores e sensações. 

Na criação musical no Brasil atual,existe uma tendência predominante na composição ou em caso negativo quais seriam as outras opções ? 

E estão abaixo os depoimentos de alguns de nossos compositores 

A compositora Marisa Resende do Rio de Janeiro respondeu “Acho muito difícil falar em predominância de uma tendência, mas há sim, eixos norteadores perceptíveis em várias peças das últimas Bienais, como a exploração de novas sonoridades na música instrumental e de novas formas de construção da narrativa, para citar algumas”.  

O  compositor  Marlos Nobre desde Recife declara   “ Havia claramente,

sobretudo na década de 60/70 em nosso meio uma divisão clara entre duas correntes antagônicas: o nacionalismo o vanguardismo. O nacionalismo  era ligado à estética e às técnicas mais tradicionais e o vanguardismo privilegiava as técnicas seriais,multi-seriais e aleatórias.Hoje temos uma convergência e uma visível riqueza de tendencias que não mais se chocam. Ao contrário complementam-se e até mesmo se misturam  demonstrando um salutar amadurecimento no campo da criação musical em nosso país o que vem contribuindo para a riqueza de nosso panorama atual.Não existe mais qualquer tipo de cerceamento estético ou técnico e nesse sentido o Brasil acompanha uma tendência universal.Vivemos então uma pluralidade extremamente rica e de grande perspectiva no campo da criação musical. 

O compositor Jorge Antunes enviou gentilmente de Milão onde se encontra para a estréia de uma obra,o seu depoimento “ Na música erudita brasileira, hoje, não há, felizmente, convergências. Três gerações de compositores explodem em criatividade e linguagens diferentes e divergentes. Vivemos um ponto culminante da História da Música, em que a dispersão estética predomina. Mas a História é cíclica: em duas décadas tudo se acomodará em torno da série harmônica e do neotonalismo”.

 O compositor Ronaldo Miranda desde São Paulo comenta “O Brasil é um país de dimensões continentais, eclético por natureza. Esse ecletismo existe também na música de concerto que aqui é produzida. Os talentos são muitos e as formas de expressão, linguagens e técnicas se manifestam em tendências diversas. Minimalismo, serialismo, espectralismo e néo-romantismo se misturam a posturas mais livres, numa gama bem diversificada  de estilos.  A Bienal da Funarte, felizmente de volta à Sala Cecília Meireles, representa uma ampla amostragem desse Brasil musical contemporâneo. Compositores jovens e veteranos mostram seus novíssimos trabalhos para o público, construindo uma vitrine tão ampla quanto versátil. Um belo retrato sonoro do Brasil de hoje”. 

O compositor Eli-Eri Moura desde João Pessoa enfatiza “A criação musical no Brasil continua eclética, seguindo um fenômeno mundial que prossegue desde o final do Século XX. Percebemos,no entanto,alguns alinhamentos (envolvendo inúmeros subcaminhos e fusões), abrangendo compositores que em suas narrativas musicais 1) dão ênfase ao timbre, 2) abraçam discursos motívico-lineares, ou 3) transitam entre esses dois grupos. Tendo sido, no final do século XIX, referências delineadoras para a música do século XX,tais marcos não são absolutamente novos. Novidades residiriam no campo dos materiais,dos agentes dos discursos e dos processos morfológicos.Mesmo esses,no entanto,cristalizam,hoje,caminhos da segunda metade do século passado, refletindo,de um lado, ampliações dos universos sonoros – através do ‘aprendizado’ com a música eletroacústica,do desenvolvimento das técnicas expandidas,da aplicação de unidades do discurso outras que não altura e ritmo, etc. –, e de outro lado, envelhecimento e limitação de possibilidades dos cenários motívico-temáticos.No espírito eclético, diversas práticas e abordagens composicionais (algumas delas outrora segregativas), tais como atonalismo, modalismo, tonalismo, minimalismo, serialismo,estatismo, espectralismo, folclorismo,experimentalismo,etc.,etc., hoje enviesam os alinhamentos citados ”. 

A compositora Jocy de Oliveira responde: 

"Não acredito que hoje ainda existam tendências diferentes. O universo binário da música tonal versus atonal/dodecafônica/serial há décadas que já não é relevante. O que importa hoje é um reflexo do mundo que vivemos, retratando um novo conceito e por conseguinte uma reformulação estrutural /formal do processo compositivo". 

A produção de música contemporânea poderá ser vista no calendário abaixo,lembrando que todas as obras terão suas estréias mundias: 

Dia 10 às 17h – Theatro Municipal do Rio de Janeiro

                          Obras de Alexandre Espinheira,Jorge Antunes,Paulo Costa

                          Lima,Lucas Duarte,Eli-Eri Moura e Liduino Pitombeira. 

Dia 11 às 19h – Sala Cecília Meireles

                          Obras de Silvio Ferraz, José Augusto Mannis, Alexandre

                           Ficagna, Sam Cavalcanti, Raul do Valle , Luiz Cosme ,

                           Mario Ferraro, Aylton Escobar e Cadu Verdan.    

Dia 12 às 19h – Sala Cecília Meireles

                          Obras de Gilson Beck, Harry Crowl, Wellington Gomes,

                          J.Orlando Alves e Marlos Nobre    

Dia 13,às 19h – Sala Cecília Meireles

                          Obras de Tauan Gonzalez Sposito,Alexandre Lunsqui,H. J.

                           Koellreutter,Vitor Ramirez, Ricardo Tacuchian, Gustavo

                           Penha, Edino Krieger , Mauricio Dottori e Caio Márcio

                           dos Santos 

Dia 14,às 19h – Sala Cecília Meireles

                          Obras de Matheus Bitondi , Ronaldo Miranda , Sergio

                           Kafejian, Danniel Ferraz, Henderson Rodrigues, Roseane    

                           Yampolschi, Paulo Rios Filho, Paulo Henrique Raposo e

                           Marcílio Onofre.                     

A programação completa da Bienal está disponível no site www.funarte.gov.br 

Ingressos e informações:

Theatro Municipal do RJ - 2332-9191

Sala Cecília Meireles  -      2332-9223