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Osesp brilha no Rio pelas mãos de Alsop

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Crítica do concerto realizado dia 4 de outubro, às 17h, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, com a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo e regente Marin Alsop. 

Ao ver uma regente americana subindo ao palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro,após a entrada de um conjunto de músicos com uma disciplina espartana,tive a verdadeira percepção que estava diante de uma orquestra de altíssimo nível e pela felicidade de todos,uma orquestra brasileira. Pois foi assim que começou a maravilhosa tarde dentro do Theatro Municipal,com a visita da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo,a OSESP,apesar da chuva que não queria dar trégua. 

O concerto era todo dedicado ao compositor Johannes Brahms,no programa

com a execução da Sinfonia nº3 em Fá Maior Op.90 e a Sinfonia nº4 em Mi Menor Op.98. As mulheres regentes são poucas no mundo,tenho que confessar que me emociona mais ver um homem regendo uma orquestra,talvez pela tradição,mas fiquei fascinada pela regente Marin Alsop. O concerto começou com a execução da Sinfonia nº3,e foram vibrantes os primeiros compassos estabelecendo logo o altíssimo nível do conjunto e o ímpeto de sua regente. Foi uma pena o público aplaudir no final do primeiro movimento,palmas totalmente fora do contexto,basta ler o programa para ver os quatro movimentos de cada obra. Esse fato é lamentável porque pode tirar a concentração de quem está no palco, o que não foi nem de longe o caso da OSESP e sua regente. Após o primeiro movimento seguiu-se o Andante,verdadeiramente lindo,muito solene e elegante com um fraseado muito bem delineado,pianíssimos austeros e bem executados,enaltecendo a sonoridade do conjunto. A plasticidade do Poco Allegretto,o terceiro movimento,e o Allegro final foram pontos de grande expressividade na execução da obra.Na segunda parte do programa a Sinfonia nº4,uma obra sem dúvida imponente,bem mais rica do que a anterior,na verdade essa obra é o máximo da forma,da estrutura entre as sinfonias da metade do século XIX,muito rica na sonoridade,na escritura, e Marin Alsop brilhou com um texto muito bem traduzido,elegante, imponente.

É importante constatar a maneira como a  regente domina os naipes,sugerindo o sentimento e a impressão visual de que ela toca com eles,através de seus gestos,como se fizesse as arcadas ora com os violinistas,ora com os violoncelistas,com a maior naturalidade que a discípula do venerado Leonard Bernstein pode demonstrar. A orquestra vibra com ela e ela vibra com a música.Um tocante Allegro Non Troppo seguido do Andante Moderato com a lírica frase tendo como base o naipe de cordas em perfeito pizzicato mostrou a OSESP e sua maestrina no mais elevado nível de controle sonoro. O Allegro Giocoso com seu caráter leve lembrando um scherzo foi muito bem realizado pelo conjunto,preparando com o Allegro Enérgico e Passionato,a grande surpresa de Brahms,isto é,quando ele lembra um tema de uma Cantata de Bach e constrói na realidade uma deslumbrante Passacaglia,um expoente de riqueza sinfônica,aliás uma construção magnífica que a OSESP pelas mãos de sua regente e seus músicos soube executar vigorosamente nessa visita ao Rio de Janeiro.

É uma verdadeira constatação ver uma orquestra brasileira tão bem colocada,concentrada e bem realizada tendo como parceira uma regente muitíssimo segura de si,do material sonoro das obras nas obras que executa,assim como o impecável domínio dos textos,da cumplicidade com o palco,que para ela não tem nenhum mistério,a não ser o que parece ser seu objetivo único que é traduzir a essência da mensagem do compositor com extraordinário brilho. No Municipal as presenças do Diretor Executivo da OSESP,Marcelo Lopes e de Arthur Nestrovski,Diretor Artístico do conjunto,e os  votos da coluna para que visitem mais a nossa cidade com a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo que é um orgulho,sem dúvida,para o país da mesma forma que a regente Marin Alsop é uma parceira ideal na atualidade para o excepcional brilho da OSESP.

O BRAVO da coluna para o impecável concerto.