Crítica - Circuito Música Brasilis, concerto realizado dia 20 de agosto,às 20h, na Sala Cecília Meireles, Rio de Janeiro
Os concertos/apresentações do Circuito Música Brasilis são sempre uma festa. Para quem não sabe o Circuito expressa a importância da preservação e da difusão da música brasileira de concerto. Na verdade eu prefiro o termo música clássica,não no sentido do estilo,do Classicismo,mas porque é o usado na maioria dos idiomas,classical music,em inglês, musique classique em francês,klassische musik em alemão,entre os muitos idiomas do planeta,não deixando nenhuma dúvida que é de música clássica que se fala. Isso porque várias vêzes pode-se entrar em um site de compras estrangeiro,da mesma forma estar em uma loja de CDs e outros suportes e o que se vê é o departamento ou o setor de música clássica.
O mais importante do projeto é a certeza de que alguns compositores brasileiros,que infelizmente ainda são desconhecidos, poderão ser aproximados do público que aprecia e apreciará os concertos nas várias cidades visitadas esse ano pelo conjunto.
E,assim foi na Sala Cecília Meireles,no Rio de Janeiro,a exibição de mais um espetáculo concebido e dirigido pela cravista Rosana Lanzelotte,sempre sentada em seu pianoforte durante todo o recital que é realizado sem intervalo,o que é um ponto forte nessa proposta,pois o ouvinte pode apreciar o conteúdo como uma história,nesse caso inicialmente contada pelo narrador Pascoal da Conceição,encarnando o carismático poeta,escritor,crítico literário,além de musicólogo Mário de Andrade.
O programa do Rio teve somente obras de Bach e de Villa-Lobos,intitulado “De Bach às Bachianas” e foi escolhido com a sofisticação musical de Rosana,tanto na evolução das obras apresentadas quanto na escolha de magníficos músicos que fizeram os ouvintes sonhar mesmo que por uma noite. A própria Rosana brilhou na execução do Prelúdio nº1,do Cravo Bem Temperado de J.Bach,além de outras obras de Bach e de Villa-Lobos.
O som da flauta de Rômulo Barbosa era de uma pureza comovedora de tão linda,o violoncelista Marcus Ribeiro também uma grande presença,o clarinetista Batista Jr. também tocou bem assim como a contínua necessidade do apoio do excelente contrabaixo de Tony Botelho dando a grande base do espetáculo,aliás o grande apoio de Rosana.
Aplauso para a participação preciosa da soprano Marília Vargas dona de uma belíssima voz,cantou lindamente,uma presença forte e competente.
Imagino como deve ser gratificante para Rosana idealizar,produzir e dirigir um espetáculo tão bem construído,ensaiado,cuidado nos mínimos detalhes,com conteúdo expressivo e vibrante além de uma execução altamente bem definida e realizada. Acredito que uma vez é pouco para o espetáculo que deixa,sem dúvida,saudade,aliás o do ano passado também. Devo fazer uma especial menção ao talentoso artista que é Multi Randolph,criador de belas projeções concebidas especialmente para o concerto,no fundo do palco,de uma criatividade ímpar,um verdadeiro escultor do universo da luz.
Apesar de saber que o projeto também homenageia o compositor brasileiro Edmundo Villani-Côrtes, somente posso apreciar o que ouvi,que foi Bach e Villa-Lobos no Rio de Janeiro.
O BRAVO da coluna ao belíssimo concerto/espetáculo de Rosana Lanzelotti e esperando poder aplaudir uma nova surpresa no ano que vem.