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Nikolai Lugansky, piano

Crítica de recital realizado no dia 27, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro

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A Série Concertos Internacionais 2014 da Dell’Arte começou com sucesso absoluto domingo, com o recital do pianista russo Nikolai Lugansky,já conhecido da platéia carioca,mas que não visitava o Rio de Janeiro há cinco anos. Ninguém se esquece a primeira vez que Lugansky tocou a célebre Suíte para dois pianos de Rachmaninov,com o também pianista Vladimir Rudenko,era sem dúvida o melhor da escola russa de alunos do  sempre querido pianista Sergei Dorensky no palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

O recital começou com o Prélude,Choral et Fugue do compositor belga César Franck, obra considerada como uma das mais profundas e difíceis páginas da literatura pianística,onde a polifonia é constante e a estrutura deve ser construída para chegar ao ponto alto que é a Fuga,com seus três temas girando simultaneamente,o que requer do pianista um virtuosismo e um domínio total do instrumento,o piano. A obra foi traduzida com imensa poesia,qualidade sonora e técnica segura,deixando logo claro que o palco não tem segredo nem limite para Lugansky. 

A segunda obra do programa foi a do compositor russo Sergei Prokofiev,que apesar de não ser uma das mais belas de suas sonatas para piano,é um caleidoscópio de idéias que certamente ajudaram o compositor a chegar na Sonata nº7 tida como a mais bela. O importante de ser programada uma obra pouco executada para a platéia carioca,é o conhecer o desconhecido e pelas mãos de Lugansky tudo era muito claro,o texto muito bem traduzido e a obra,apesar de não ter a liquidez desejada para o repertório,surgiu de maneira impecável nas mãos do intérprete. A tão esperada série de Préludes op.32 do também russo Sergei Rachmaninov foi executada bravamente pelo pianista,com várias atmosferas intimistas, os pianíssimos de uma qualidade invejável assim como seus fortes redondos e bem cuidados, sem nenhum tipo de dificuldades, pelo contrário o domínio mental e técnico eram naturais e muito presentes traduzindo a mais pura  certeza de Rachmaninov é realmente o universo do artista,que dias antes executou o Concerto nº3 para Piano e Orquestra do mesmo autor em São Paulo. 

O sentimento que fica é que o pianista está fazendo o que gosta com uma segurança digna das portas de Kiev,um domínio do teclado inspirador além de deixar a platéia relaxada para admirar sua arte. Mendelsohn e Chopin foram os dois extras,os bis,com que Lugansky brindou a platéia. Após o belíssimo recital o pianista ganhou um jantar de aniversário,comemorado exatamente ontem,na casa da empresária Myrian Dauelsberg que apresentou várias frutas brasileiras ao artista,que ficou encantado. Para terminar a noite, fomos nós que fizemos uma outra homenagem ao pianista russo,além de alguns pianistas da nova geração, o pianista Miguel Proença e eu mesma,a colunista que vos escreve,tocamos além do tradicional parabéns,o Saldamos o Grande Dia do nosso Villa-Lobos. 

O BRAVO da coluna ao artista e seu impecável recital.