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Crítica: Uma exuberante violinista

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O concerto da Orquestra Sinfônica Brasileira do último dia 19, sexta-feira, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro apresentou, como solista, uma grande violinista. Aliás este ano o desfile de violinistas exuberantes está sendo uma constante.

No caso da holandesa Simone Lamsma, o violino torna-se integrante do seu corpo e da sua mente. O Concerto para Violino em Ré Maior op.35, de Korngold, é uma peça que evidencia a música de cinema, uma vez que o compositor fazia composições para o cinema. A obra foi  super valorizada pela interpretação de Lamsma. A artista, uma sílfide, entrou na obra com um ímpeto contagiante, deixando claro a grande violinista que é, através de sua afinação perfeita, a sonoridade belíssima, agudos celestiais, uma técnica perfeita, um arco lindíssimo, sobretudo com o virtuosismo mostrado no terceiro movimento do concerto. Ela é música pura, temos a certeza de que nasceu para brilhar. Como bis, tocou o Largo da Sonata nº3 de J.Bach. O concerto começou com Beethoven, Abertura Leonore op. 72b de L.Beethoven, muito bem executada pela orquestra.

A surpresa seria a reação do público na obra 4’33 de John Cage. Mas, como não havia dados sobre a obra, o público ouviu, e acreditamos que não entendeu o que estava acontecendo. Existem várias formas de reger esta obra, a escolhida pelo maestro Roberto Minczuk foi talvez a mais engraçada para um público que não sabia, repito, o que estava acontecendo. Uns riam, outros olhavam para os outros, mas nenhuma manifestação sonora de nenhuma parte. Foi interessante ver a reação do público.

O maestro regeu o conjunto, mas nenhum músico emitia o som dos seus instrumentos, porque nesta obra o conteúdo é o silêncio. Teve até bravo no final, e o concerto continuou com a Sinfonia nº3  em Mi bemol maior op.97, a Renana,de R.Schumann, para alívio dos ouvidos mais apurados e acostumados com a boa música clássica. Duas curiosidades: a primeira é que podiam ser vistas senhoras, na plateia, com pashminas na cabeça, colocados como os véus que são usados no oriente, sobretudo ao se entrar em uma mesquita. Assim como outra com o capuz do casaco na cabeça. A outra curiosidade é que o público não lotou o Theatro Municipal, e o concerto era na mesma hora da exibição do último capítulo da Avenida Brasil. Fica a pergunta no ar: será que o efeito Carminha tirou um pouco do público do concerto?