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Crítica - OSESP, o brilhantismo de uma orquestra

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A Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo subiu ao palco do Teatro Municipal, no último dia 31, dentro da turnê de despedida do maestro francês Yan Pascal Tortelier como seu titular, até o final do ano, quando irá ceder a batuta  para a maestrina Marin Alsop a partir da temporada de 2012.

O conjunto começou o programa com a Abertura Sonho de Uma Noite de Verão op.21, de Mendelssohn que serviu como um cartão de visita imediato demonstrando as qualidades dos diferentes naipes, destacando-se logo as cordas e as madeiras. Foi um preâmbulo ideal para o Concerto para Violino e Orquestra em mi menor op.64, do mesmo compositor, um dos pilares do repertório, que teve como solista o violinista Augustin Hadelich, sem dúvida, um artista que tem grandes possibilidades que no futuro deverão desabrochar plenamente. Pela versão que ouvimos, ainda nos pareceu que o violinista ainda não atingiu a esfera ideal onde as dificuldades técnicas são esquecidas em prol da perfeita imagem sonora de uma grande obra como este concerto, peça tradicional do repertório de seu instrumento.

Na segunda parte as Cenas de Romeu e Julieta  de Prokofiev, extraídas do famosíssimo ballet, que leva o mesmo nome do genial compositor russo, proporcionaram à orquestra uma oportunidade para o conjunto demonstrar a vituosidade de seus naipes, em separado, e a perfeita integração dos instrumentistas no tutti orquestral. Esta obra de Prokofiev é extramente exigente do ponto de vista de execução,devendo os músicos atuarem como verdadeiros virtuoses dos seus intrumentos. A regência do maestro Tortelier, talvez um pouco acrobática para nosso gosto, teve entretanto, momentos de intimismo e expansão lírica.

Foi deslumbrante o trabalho desta orquestra que hoje em dia já está em um patamar superior no cenário, não só no Brasil, como na América Latina, caminhando para uma posição de igual destaque no mundo musical internacional, que é o que desejamos ser alcançado na próxima década sobre a direção da nova regente titular, a maestrina americana Marin Alsop. A criação da OSESP foi um marco na vida musical brasileira estabelecendo um parâmetro de nível artístico e técnico, até então inédito no panorama das orquestras brasileiras. Isso resultou em um salutar estímulo para o surgimento de outros conjuntos assim como a elevação do nível geral de praticamente todas as  demais orquestras existentes no país. Um concerto altamente estimulante onde se sai com a convicção que finalmente “habemus” orquestra internacional no Brasil.