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Uma talentosa regente

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O hábito de ver um regente do sexo masculino regendo uma orquestra é, digamos, o mais normal entre as orquestras. No concerto do Ensemble Orchestral de Paris e Coro Accentus, era grande a expectativa de ver a entrada de Laurence Equilbey, a bonita regente francesa que fundou o Coro, sendo, portanto, a diretora artística do conjunto na atualidade. 

Com que admiração acompanhamos o concerto, tendo sido possível ver uma mulher chique, talentosa e impecável dominando uma orquestra fantástica e um coro maravilhoso. Que garra tem essa mulher, aparentemente frágil, super profissional e muito carismática.

A primeira obra do programa foi La Mort de Cléopâtre, ou A Morte de Cleópatra de Hector Berlioz, obra tensa desde seus primeiros compassos, que foi muito bem estruturada e teve o bonito solo  da soprano francesa Mireille Delunsch. A orquestra fez uma ótima leitura da obra que tem uma variedade de efeitos expressivos e uma carga de grande dramaticidade. Imagine-se a poderosa Cleópatra se interiozando e reconhecendo ser a causa dos males do Egito, sendo, portanto, sua própria vergonha.

A Méditation religieuse (Tristia,nº1) é um fato raro na qual Berlioz compôs sobre um texto em prosa, o que em princípio daria mais liberdade ao músico na estruração de sua obra, tendo também o solo de Mireille Delunsch que foi, sem dúvida, um grande lamento vocalizado.

Entramos no universo de Gabriel Fauré, compositor do Réquiem apresentado no Theatro Municipal. A obra do compositor francês sai da ideia da morte, dos terrores do Juízo Final e começa com um clima de intensa paz, muito intimista mesmo, expressando a concepção do músico francês de “uma libertação feliz, uma aspiração à felicidade do além, do que uma passagem dolorosa”. A afinação da orquestra é de altíssimo nível, assim como é grande a unidade do conjunto. A regente trabalha com os dois conjuntos - com a orquestra há dois anos, sendo possível ver a perfeita química e entrosamento entre eles. Os solistas foram a soprano Mireille Delunsch, que parece que estava com frio, no Réquiem, e o barítono Mattew Brook.

Realmente o sentimento de paz foi imenso, sobretudo o sentimento da segurança de ouvir um maravilhoso coro, uma orquestra impecável e sua linda regente.O BRAVO da coluna ao concerto. Esperamos ver os dois conjuntos mais uma vez, e com um repertório mais contrastante.