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Crítica - Filarmônica de Bremen: um bis que valeu pelo concerto

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O concerto da “The Deutsche Kammerphilharmonie Bremen” ou a Filarmônica de Câmara Alemã de Bremen foi uma agradável surpresa.A orquestra é composta de trinta e cinco músicos que compartilham,inegavelmente, o mesmo nível de qualidade técnica e musical assim como uma prazer notável de tocar junto, de fazer música junto, de sentir junto emoções,de viver junto a música aliando da melhor maneira o cerebralismo e a intuição.

O programa começou com Concerto para violino e orquestra nº3 de Mozart tendo como solista o violinista Christian Tetzlaff. O andamento lento,neste caso o Adágio,foi muito bonito onde o estilo clássico se fez além de presente, impecável.

Noite Transfigurada op.4 de Arnold Schoenberg, obra que é a apoteose do cromatismo pós Wagner e uma das mais importantes da Escola de Viena do início do século XX, foi executada de uma maneira preciosa, onde a orquestra pode realmente mostrar o seu grande valor e a sua grande fama de ser a orquestra de câmara do momento no mundo. É fantástica a maestria do conjunto tocando sem regente,uma perfeição onde é notório o trabalho de ensaios que deve desenvolver. É importante informar aos queridos leitores que uma orquestra de câmara pode, dependendo do nível, tocar sim sem regente, citamos também o maravilhoso exemplo do I Musici di Roma que tanto brilhou nos palcos do Rio tocando com seus músicos sem maestro. Porém uma orquestrasinfônica, por sua própria complexidade,seu número de integrantes e sua diversidade não pode tocar sem um regente que atua como seu líder.Por exemplo é praticamente impossível uma orquestra sinfônica executar Daphnes et Chloé de Ravel ou a Sagração da Primavera de Stravinsky, por exemplo,  sem regente. Poderia ser um desastre com adrenalina em vários níveis.Como também poderia ser um desastre um regente ruim estar à frente dessas obras com uma grande orquestra.

Voltando ao concerto, a Sinfonia nº 80 de Haydn foi outra maravilha. Tem-se a impressão de que o conjunto funciona como um grande quarteto de cordas onde cada chefe de naipe é o seu líder, sendo, portanto o responsável de seus pares. A estrutura de trabalho é muito clara,e por isso o sucesso.Os contrabaixos tem uma qualidade de som belíssima.Os sopros são extremamente bem afinados e virtuosísticos, como aliás toda a orquestra é. Podemos até fechar os olhos e ter a impressão que de estamos diante de  um conjunto orquestral numeroso. O programa finalizou com o Concerto para violino e orquestra em Mi menor op.64 deMendelssohn que foi lindíssimo. A técnica de Tetzlaff pode ser apreciada na obra, mas sobretudo nas Cadenzas foi deslumbrante. O público estava altamente concentrado e na Canzonetta,que é o segundo movimento do concerto,podemos todos sonhar e ao mesmo tempo vivenciar um concerto que, com certeza, ficará na memória por muito tempo,como um dos ponto altos na temporada de 2011.Todos os músicos são nivelados no mais alto nível de execução musical. O BIS foi o último movimento da Sinfonia nº1 de Beethoven onde o Theatro ovacionou a orquestra e com certeza querendo ouvir a obra inteira.

O BRAVO da coluna para a orquestra e os votos de que retornem o mais breve possível.