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Diálogo permanente

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O cristão olha para o mundo de certo modo, que condiciona seu empenhamento e sua própria maneira de ser. Daí o compromisso em sair de si próprio como Deus em Cristo sai de si. O Pai só o é porque dá e se dá no Filho. 

A única lei é a caridade: supõe dinamismo e inventividade da vontade que se mobiliza e vai ao encontro das situações. Na abertura a situações podem surgir pequenas ou grandes inventividades nascidas do Espírito. Quando observamos, analisamos e avaliamos o peso das coisas, tornamo-nos capazes de mobilizar energias à volta.

A fé não é um distribuidor automático de respostas. Um pouco como na criação artística, há que deixar vir a inspiração, saber esperar e eventualmente errar. É que nós não somos cristãos, mas temos de tornar-nos tais. De fato, a entrada na fé cristã é aceitação de um impulso, não um enquadramento num espartilho de obrigações.

Desde os primórdios, a vida cristã foi apresentada como caminho; não sendo, portanto, toda a gente chamada a caminhar como o mesmo passo. O Espírito apanha-nos onde estamos, em nossa humanidade concreta. Concede-nos que se transforme pouco a pouco essa humanidade que se trata de assumir de certa maneira. Penso que, no âmbito desta vida, é extremamente difícil, mesmo impossível, estabelecer uma regra de prática correta.

Na relação efetivamente vivida, no diálogo entre pessoas que se respeitam, que se descobre a partir de dentro as palavras a não dizer, as alusões a evitar, os assuntos a não abordar, ou seja, as regras concretas a seguir para que o acordo se faça, inclusive sobre os nossos desacordos. A fé só se torna pertinente e significativa no diálogo permanente com nossas tarefas, ou maneira de assumir nossa afetividade, nossas angústias, nossas esperanças.

* Engenheiro