ASSINE
search button

A Justiça não pode ser colocada em dúvida

Compartilhar

Editorial do jornal francês Le Monde fala sobre farsa no impeachment: 

"A presidente do Brasil está sendo julgada por um Senado que tem um terço de seus representantes, segundo o site Congresso em Foco, como alvos de processos criminais. Ela será substituída por seu vice-presidente, Michel Temer, embora este seja considerado inelegível durante oito anos por ter ultrapassado o limite permitido de doações de campanha."

"O braço direito de Temer, Romero Jucá, ex-ministro do Planejamento do governo interino, foi desmascarado em maio por uma escuta telefônica feita em março na qual ele defendia explicitamente uma "mudança de governo" para barrar a operação "Lava Jato"."

"Se esse não é um golpe de Estado, é no mínimo uma farsa. E as verdadeiras vítimas dessa tragicomédia política infelizmente são os brasileiros."

A revista Veja publica que há denúncias no depoimento de Léo Pinheiro, ex-OAS, que foi suspenso pelo Ministério Público, contra o ministro José Serra e o senador Aécio Neves.

De acordo com a Veja, Léo Pinheiro teria afirmado em sua delação sobre Aécio:

"Foi apresentado a Aécio por Sergio Cabral, quando este ainda era governador estadual do Rio de Janeiro, em 2001. Ainda em 2001, esteve com Aécio para contribuir para a campanha de 2002 ao governo do Estado de Minas, na oportunidade em que foi apresentado a Oswaldo Borges da Costa Filho (...). Assim, quando da licitação da Cidade Administrativa de Minas Gerais, editada em 16/7/2007, o declarante determinou que fosse realizado contato com Oswaldo Borges da Costa (...).

Em um dos encontros, foi informado por Sergio Neves, representante da CNO, que havia a necessidade do pagamento de uma vantagem indevida de 3% do valor da participação de cada empresa no consórcio e que as empresas deveriam procurar o Oswaldo Borges para acertar os pagamentos (...) A contraparte da OAS foi paga em espécie (...) Segundo o declarante foi informado, as quantias eram condicionadas ao então governador Aécio Neves.

O declarante ainda tem conhecimento de que Oswaldo Borges da Costa Filho (...) é operador de Aécio Neves e controlador das contas das empresas do político, sendo que as contribuições feitas para as campanhas de Aécio Neves nos anos de 2002 e 2006, bem como na pré-campanha eleitoral de 2014, foram realizadas por intermediação de Oswaldo."

Ainda de acordo com a Veja, Léo Pinheiro teria dito sobre Serra:

"A OAS foi ganhadora do lote cinco do Rodoanel Sul, que fazia parte de um cartel de empresas (...) A partir de 2004, foram realizadas as reuniões para acertar a licitação na Andrade Gutierrez, pois Dario Leite, executivo da Andrade, era próximo de Dario Lopes Reis, então secretário de Transportes. (...) Na licitação com contrato assinado em 2007 havia um convite de 5% de vantagens indevidas para Dario Lopes Reis e Mario Rodrigues (então diretor de engenharia da Secretaria de Transportes). Tais valores eram ajustados por Dario Leite, executivo da Andrade, e comunicados às demais empresas consorciadas (...) No ano de 2007, por determinação do então governador José Serra, no sentido de que houvesse renegociação em todos os contratos do estado, houve uma negociação no contrato do Rodoanel Sul com desconto no valor do contrato de menos 4% e a globalização do valor do contrato. Em razão dessa renegociação, os valores de vantagens indevidas também foram repactuados para 0,75%. Parte dos pagamentos dos valores indevidos foi feita por meio da empresa Legend Engenheiros Associados, de Adir Assad, na SPE Rodoanel Sul 5, e parte em dinheiro vivo."

Quais são as razões verdadeiras da suspensão da delação premiada e desses violentos ataques, nesses últimos dias, ao Ministério Público e a ministros do Supremo Tribunal Federal? 

O país não pode resistir que seja tomada de dúvida a estrutura maior da democracia - a Justiça.

Poderíamos estar caminhando para o início de um fim melancólico.

* professor