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O grito das polícias 

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        No Brasil certas coisas são repugnantes. A insatisfação das polícias em todo o país vem de longa data, mas insistentemente, ano após ano, é ignorada por governantes que ainda não se conscientizaram da relevância da segurança pública para o país. Sob a alegação de que não há dinheiro, pagam salários ridículos para a maior parte dos policiais e bombeiros, tendo como exceção apenas Brasília. Mas dinheiro há. O que não se tem é vontade política e bom-senso, sobrando maracutaias que levam a desperdícios e desvios do dinheiro público, que acaba faltando para remunerar dignamente não só os policiais e bombeiros como também professores e médicos, profissões primordiais para qualquer nação.

        A calamidade pública por que a Bahia está passando poderia ser evitada. O prejuízo não se restringe ao fator financeiro, devido ao impacto negativo no turismo local, mas, essencialmente, atinge os cidadãos baianos, que estão sob o clima de total violência e insegurança. Arrastões, assaltos e mortes em questões de dias chegaram a números alarmantes por conta da greve dos policiais. Um verdadeiro caos generalizado.

        Todos sabem dos péssimos salários da polícia brasileira. A reivindicação é mais do que pertinente. A PEC 300 prevê isso, mas encontra resistência para ser votada e vai se saber o porquê. Falta de dinheiro não é, pois senão também não seriam viáveis os vencimentos astronômicos para os subsídios de deputados, senadores e magistrados. Chega de tratar o povo como burro. Tudo isso é uma vergonha.

        Assim, resta-nos praticamente nos humilhar e clamar para as autoridades ouvirem o grito das nossas polícias, que há anos amargam péssimas condições de trabalho e remuneração.

Marcos Espínola é advogado criminalista