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Artigo - Dinheiro não aceita desaforo!

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Analisando os atuais dados econômicos, concluímos que o brasileiro está consumindo demais e, em geral, está muito endividado. Com a abundante oferta de crédito, empregos e salários em alta, parte da população está se entregando às extravagâncias de consumo.

Tem gente comprometendo mais de 30% do seu salário na compra de novos aparelhos celulares, eletroeletrônicos ou carros. Não há nada de errado em consumir, mas o grande problema é que a maioria das pessoas não tem conhecimentos básicos de matemática financeira, juros e valor do dinheiro no tempo.

Por exemplo: quanto custa por ano a compra de um carro de R$ 100 mil? Quem tem conhecimento do valor do dinheiro no tempo sabe que desde o momento em que compramos um carro ele passa a nos dar outros custos anuais. Custará cerca de R$ 5 mil de seguro, R$ 4 mil de IPVA e em média R$ 3 mil de manutenção ou revisões. Ou seja, somando tudo dará R$ 12 mil de custos no primeiro ano. Além do que, após um ano, esse carro de R$ 100 mil se depreciará cerca de 20% e valerá cerca de R$ 80 mil. Se somarmos os R$ 20 mil da depreciação e os R$ 12 mil dos custos, chegaremos a R$ 32 mil em um ano! E ainda, temos de considerar que, se tivéssemos os R$ 100 mil aplicados em renda fixa, o dinheiro renderia cerca de 9% ao ano, R$ 9 mil. Portanto, o carro pelo qual pagamos R$ 100 mil, e que após um ano nos custou pelo menos R$ 12 mil, valerá cerca de R$ 80 mil, e deixaremos de receber R$ 9 mil de juros. Ou seja, R$ 41 mil se evaporam em apenas um ano!

E para quem se utiliza de financiamento, a situação é ainda pior, pois tem de somar a esses valores os juros do empréstimo. E tem gente que acredita que comprar carro é investimento! Precisamos, com urgência, dar aulas de educação financeira para toda a população. Disseminar os conceitos de juros simples, juros compostos e valor do dinheiro no tempo tem de ser uma prioridade social!

Como administramos o nosso dinheiro é o grande diferencial para que, na velhice, desfrutemos de uma aposentadoria tranquila. Aprenda e ensine, desde cedo, aos seus filhos que, quanto antes eles começarem a consumir com consciência e a se planejar financeiramente, reservando um porcentual da sua receita para investimentos, mais tranquilidade eles terão no futuro. A minha querida e bem-sucedida avó, que hoje está com 95 anos de idade, sempre fala que dinheiro não aceita desaforo! Ela está certíssima.

* Ricardo Mesquita Chioccarello é professor de Empreendedorismo e Projeto de Vida, empresário e Gestor da Escola Internacional de Alphaville.