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Natal em Belém, na Palestina

Lula: uma partida de futebol entre a seleção brasileira e a mista de Israel e Palestina pela paz

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Ao final de novembro, após a sessão do Senado Federal de homenagem à Palestina, fui convidado pelo embaixador Ibrahim Al Zeben, da Delegação Especial da Palestina no Brasil, para assistir à missa de Natal em Belém. Eu já iria a Bruxelas, a convite dos artistas do Royal Flemish Teather da Bélgica, para um diálogo com o professor Philippe Van Parijs sobre o Combate à Pobreza no Mundo e a Proposta da Renda Básica de Cidadania. Transmiti ao professor Van Parijs, aos artistas e líderes de movimentos sociais, em Bruxelas, o apelo entregue ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à presidente Dilma Rousseff, pelo coordenador nacional dos Movimentos da População de Rua, Anderson Lopes Miranda, em carta assinada por 250 líderes desses movimentos e pelas dirigentes das Cooperativas de Catadores de Material Reciclado, para que deem os passos necessários para instituir no Brasil a Renda Básica de Cidadania, conforme prevista na Lei 10.835/2004. Na reunião com o Povo de Rua no último dia 23, em São Paulo, a presidente Dilma  se comprometeu a participar todos os anos do Natal com os catadores, tal como o presidente Lula, e disse que já em 2011 seu governo daria os passos para incluir aquela população nos programas de transferência de renda

De Bruxelas segui para Tel Aviv, Israel; e de lá para Belem, na Palestina. Eu já visitara Israel e a Palestina, por duas vezes. Uma em viagem organizado pelo rabino Henri Sobel, há mais de dez anos, quando tive audiências com o presidente Shimon Peres, a viuva de Itzhak Rabin e o presidente Yasser Arafat, da Autoridade Palestina. Da segunda vez dialoguei com as autoridades do Parlamento e do governo de Israel sobre os programas de combate à pobreza e de garantia de renda. 

Desta vez, foi uma ocasião especial, uma vez que todas as autoridades palestinas agradeceram especialmente a recente decisão do governo do presidente Lula em reconhecer a área legítima do território da Palestina, tal como era antes da ocupação militar realizada por Israel em 1967. Antes da Missa de Natal, os franciscanos ofereceram um jantar para o presidente Mahmoud Abbas e para o primeiro-ministro Sallan Fayyad, da Autoridade Palestina, no Hotel Casanova, junto às igrejas de Santa Catarina, onde é celebrada a tradicional Missa de Natal, e da Natividade, vizinha e colada à primeira e na qual fica a gruta onde nasceu Jesus. Antes do jantar, acompanhado do ministro Ricardo Leal, da embaixada brasileira, fui recebido pelo presidente Mahmoud Abbas, que ressaltou seu agradecimento ao presidente Lula. Transmiti a ele que, em sua última visita ao Senado, o ministro Celso Amorim mencionou as razões da decisão do governo brasileiro – que teve como presidente da Assembleia da ONU o embaixador Osvaldo Aranha, em 1948, que reconheceu o Estado de Israel. Mencionei o quanto no Brasil as pessoas de todas as origens e religiões se dão bem e colaboram em todos os setores de atividades. Citei o desejo do presidente Lula para que seja realizada uma partida de futebol entre a seleção brasileira e a mista de Israel e da Palestina para ajudar na promoção da paz. Disse-me o presidente Abbas que ele quer que esse jogo possa se realizar em Tel Aviv.

Durante o jantar conversei com o primeito-ministro Sallan Fayyad, considerado muito bom economista, que conhece bem as formas de garantia de renda para a população, inclusive os sistemas de complementação de renda que têm sido considerados pelo governo e pelo Parlamento de Israel. Contei-lhe um pouco da evolução da perspectiva da Renda Básica de Cidadania no Brasil e de outras experiências no mundo.

A Missa de Natal, na Igreja de Santa Catarina, com a participação do presidente Mahmoud Abbas, do primeiro-ministro e de alguns de seus principais ministros, foi altamente comovente, rezada e cantada em latim por um coral para uma igreja lotada com mais de mil pessoas. É uma tradição, que começou ao tempo do presidente Yasser Arafat, embora muçulmano, de respeito aos cristãos. O patriarca Fouad Twal fez um belo sermão em inglês, francês, italiano, espanhol e árabe, conclamando todos os povos a contribuírem para a paz.

Ele enfatizou : “Neste Natal nós esperamos que Jerusalém se torne não apenas a capital de duas nações mas também um modelo para o mundo inteiro de bom entendimento e de coexistência entre as três religiões monoteistas”. 

Nos diálogos com os parlamentares, o prefeito de Belém e o governador de Jerusalém ouvi o quanto eles aguardam o fim do Muro que Israel construiu, assim como dos assentamentos que resultaram na remoção dos palestinos de suas casas. Um enorme esforço deverá ser realizado pelos dois lados da disputa, e o Brasil certamente pode colaborar para o entendimento.