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A prova de fogo para o presidente Hugo Chávez

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As eleições legislativas  de domingo passado na Venezuela marcarão, sem dúvida, uma nova fase na biografia política do presidente Hugo Chávez. A partir de agora, ele terá de governar sem os dois terços da Assembleia Nacional. Seu Partido Socialista Unido da Venezuela (Psuv) deverá ficar com cerca de 95 assentos no plenário, enquanto a Mesa de Unidade Democrática (MUD), que reúne os antichavistas, terá aproximadamente 60. E na capital, Caracas, pela primeira vez, o MUD teve mais votos que a agremiação que apoia o presidente.

Criminalidade em ascensão, invasões de propriedades privadas por grupos radicais, desemprego, inflação e falta de moradia são problemas que influenciam cada vez mais o voto dos venezuelanos. Chávez mantém seu estilo habitual, com palavras de ordem e conclamações à população mais pobre para que continue dando sustentação à sua revolução bolivariana.

Entretanto, o presidente vai enfrentar agora sua prova de fogo. Não se trata de golpe, complô da mídia ou mesmo de sabotagem norte-americana. Chávez terá que negociar com a oposição para aprovar seus projetos dentro da Assembleia Nacional.

Para alguém que já tomou atitudes extremadas, como tirar do ar o principal canal de TV do país, volta-se neste momento a curiosidade geral. Como reagirá o caudilho à primeira derrota parlamentar de seu governo? Seus detratores apostam que fechará a casa legislativa e tentará instalar uma ditadura de esquerda. Mas os que acreditam nas boas intenções do presidente venezuelano jogam todas as suas fichas na tese de que, se promoveu eleições, ele vai respeitá-las. Aliás, foi nesse sentido que Chávez fez uma de suas declarações no dia da votação:

– Não é um dia de eleições, mas de lições. Todo mundo que votar deve saber que seu voto será respeitado.

O mundo democrático espera que o presidente tenha sido sincero e que saiba assimilar eventuais derrotas dentro das regras do pluralismo político e do debate civilizado. Se mostrar que também sabe perder, Chávez só terá a ganhar, assim como seu país e seu povo.