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A quem servimos

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Nestes domingos, a Palavra de Deus nos mostra questões importantes com relação ao ensino social da Igreja e também com relação ao sentido último de nossa vida, perguntando-nos a quem queremos servir. Isso devido ao desenfreado encaminhar da vida para a posse de bens como se fosse a razão única da vida humana.

 Todos nós somos envolvidos por grandes preocupações diárias. O acúmulo das horas para o acúmulo de dinheiro é uma constante em nossas vidas. Mas será esse o destino final da vida? A correria para ganhar e acumular bens, como nos ensina a sociedade, e ao mesmo tempo vendo que a ideologia atual tem levado a grandes insatisfações e ao crescimento da violência. O fim último de nossa vida tem que ir além disso tudo.

 Devemos notar que o nosso senso de justiça está sempre envolto em nossas próprias preocupações. O nosso senso de justiça é individualizado. Temos muita dificuldade em nos sentirmos em coparticipação. Há toda uma atmosfera de egoísmo que nos envolve, que toma conta de nós. A divulgação por todos os meios desse tipo de sociedade leva as pessoas a encaminharem toda a sua existência para esse tipo de vivência.

 As preocupações com o dinheiro e o poder tomam conta de nossas vidas e ocupam a maior parte de nosso tempo.  A vida é muito mais do que o acúmulo progressivo e constante do dinheiro, da propriedade, do conhecimento ou mesmo do prazer. Esta busca incansável ocupa nossa vida e nos deixa em estado de agitação e de angústia existencial. É claro que temos necessidade de possuir, crescer no conhecimento, progredir – a diferença está em quem colocamos a razão do nosso viver.

 Claro que o esforço é necessário para alcançarmos o que a sociedade nos oferece como ideais de vida, mas este esforço não nos conduz ao grau de satisfação que buscamos. A dinâmica da vida vem antes da busca pela riqueza, pelo poder e pelo prestígio. Esses acabam por transformar a existência numa busca sem fim e nunca nos satisfazem por completo.

 Jesus quer que não nos acomodemos com esta busca desenfreada, mas que ganhemos a experiência da vida plena em Deus. Esta sede infinita que tenta se satisfazer pela posse não é exclusiva de uma classe social ou mesmo de um sistema econômico, mas encontra-se no SER do homem. O sistema em nossa volta tem, entretanto, o poder de nos seduzir. Os apelos pelo TER desenvolvem essa tendência pelo acumular. Aí, sim, entra em choque o nosso discernimento. 

 Queremos preencher um vazio interior do sagrado pela posse das coisas. A ganância e a ânsia pelo ter são drogas aprovadas, socialmente falando. Embriagam-nos e nos entorpecem, impedindo-nos de ver a realidade do transcendente em nossa vida. Jesus nos quer atentos a isso.

 Numa sociedade onde a busca monstruosa pelo dinheiro é predominante, não há espaço para Deus. Só para os clientes, para a venda, pelo mercado, pelo sucesso, pelo lucro fácil. Não percebemos a riqueza em Deus, mas somente a riqueza na conta bancária.

 Devemos acreditar que hoje o mais urgente é a vida plena que Deus quer nos proporcionar.  O nosso trabalho justo e honesto não pode ser uma busca apenas pelo ter, um desespero exagerado pelo acúmulo de coisas, dinheiro, prazeres. Nosso trabalho deve ser humanizado. Não pode ser apenas baseado no sucesso comercial, mas no crescer como pessoa. Somente um mecanismo de sucesso deve nos mover: alcançar a plenitude do ser humano aos olhos de Deus.

 Evidentemente que a situação que hoje vivemos vem de longe. Vide, por exemplo, a situação ambiental na degradação total do meio ambiente, o desaparecimento de florestas, a poluição da atmosfera, a extinção de espécies biológicas. Chega um momento em que o homem quer “derrubar celeiros e construir outros ainda maiores”. A situação ambiental é sinal, é reflexo desta busca desenfreada e desmedida pelo ter.

 Temos que abrir espaço para Deus em nossa vida. Ao final, seremos julgados pelo nosso bem ao outro e não pelo dinheiro armazenado, acumulado. Pensemos nisso. O que vamos dizer a Deus quando chegarmos a sua presença e nos apresentarmos? As mãos vazias de amor ou o dinheiro inteiro que conquistamos? Viver com os olhos voltados para o transcendente nos faz mais justos e felizes desde agora.

 Não podemos ficar “em cima do muro”. Não podemos servir a dois senhores. Pensemos muito sobre isso, e façamos uma reflexão a respeito do primeiro mandamento: amar a Deus sobre todas as coisas!