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A crise econômica bate à porta de Fidel Castro

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Com mais de meio século de poder absoluto, Fidel Castro  tem pela frente mais um duro desafio que, se não vencido a tempo, poderá determinar o fim da ditadura cubana. A ameaça não vem dos anseios e ideais democráticos, e sim dos frios números, contra os quais a vilania não tem a mesma força que subjuga os homens. 

 É grave a crise econômica na ilha. O governo dos Castro – o presidente fantoche Raúl e o verdadeiro mandatário Fidel – não assume o risco, mas isso é comum em regimes totalitários, nos quais se prefere o silêncio à verdade.

   Mesmo assim, recentes declarações e medidas desvelam a real situação. A primeira delas, surpreendente, veio do próprio ditador, para quem o modelo cubano “não funciona nem mais para Cuba”, segundo foi divulgado no blog do jornalista Jeffrey Goldenberg e depois reproduzido no site da revista The Atlantic. O espanto foi tanto que muitos julgaram Fidel um velho gagá assumido de vez, só faltando o pijama e os chinelos. 

    Logo depois, veio o anúncio oficial dando conta de que,  num prazo de seis meses, 500 mil funcionários públicos serão demitidos com o objetivo de tornar “mais eficiente o processo produtivo” do país. Ou seja, o objetivo é sanear as estatais, antes intocáveis. A taxa de desemprego em Cuba é baixa, inferior a 2% desde 1996, mas isso reflete a existência de um setor público inchado e um excesso de informalidade, a qual deverá subir ainda mais com a  onda de demissões. 

   O drama que se quer esconder é o seguinte: depois de crescer em ritmo acelerado entre 2004 e 2007 (média anual de 9%), o PIB cubano entrou em desaceleração em 2008. A crise global de 2009 acentuou o problema. A previsão para 2010 é um crescimento só de 2%, menos da metade da média esperada para a América Latina, que é de cerca de 5%. 

Infelizmente, as reformas em Cuba, ainda muito tímidas, em nada lembram uma glasnost (a política de abertura que começou a acabar com a União Soviética nos anos 80). Quando Fidel levantar da poltrona, poderá ser tarde demais.