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O Dia Mundial do Transporte Público

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Iniciativas para conter  a emissão de gases poluentes na atmosfera são sempre bem-vindas e, mais que isso, urgentes. Desta forma, não há como ignorar ou subestimar o Dia Mundial sem Carro, que mobilizou (ou desmobilizou, em se tratando dos motorizados) milhares de pessoas no Brasil. Mais do que reduzir a poluição do ar – já que seus efeitos práticos ainda são irrisórios – o evento teve a finalidade de educar, fazer pensar sobre a contribuição que cada um pode dar ao futuro do planeta.

Para que o Dia Mundial sem Carro comece, no entanto, a pesar na balança dos gases tóxicos, é preciso que os governos deem real atenção à ampliação das ciclovias nas metrópoles. No Rio, por exemplo, a malha para o tráfego de bicicletas e afins é relativamente grande, porém voltada basicamente para as áreas de lazer. Na Zona Norte da cidade, quem quiser pedalar até o local de trabalho vai arriscar a vida no caótico entrelaçar de ônibus e automóveis pelas ruas. Não basta educar os motoristas para deixarem seus carros na garagem. Faz-se necessário doutriná-los a respeitar ciclistas, pedestres e as leis do trânsito.

Outro ponto ainda mais importante para que continuemos galgando os degraus da desoneração atmosférica é a otimização e melhoria dos transportes públicos. O metrô do Rio vem tendo problemas quase diários, para desespero dos usuários, principalmente da negligenciada Linha 2. Quanto aos ônibus, é muito útil a reestruturação das linhas que cobrem a cidade iniciada agora pela prefeitura. Há coletivos demais engarrafando a Zona Sul, enquanto os passageiros da Zona Oeste amargam longas esperas nos pontos. Quanto aos trens da SuperVia, a lotação nos horários de pico e o calor nas composições antigas ainda são desencorajadores.

Por mais incisivas que sejam as campanhas para redução do uso do automóvel particular, sem as reformas de base no trânsito e nos transportes públicos, toda a contribuição midiática será insuficiente, pois o motorista, apesar de  seu interesse em respirar um ar mais puro – e não ter sobre sua cabeça um gigantesco buraco na camada de ozônio – só deixará o carro na garagem se tiver a garantia de que chegará ao trabalho na hora certa e sem passar apertos e dissabores no trajeto.