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Pag. 29 - Álcool influenciou 94% dos casos de violência

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A pesquisa, publicada na revista Nature , foi feita com 96 presidiários na Finlândia e identificou uma mutação no gene HTR2B, um receptor de serotonina – substância que atua no controle dos impulsos do ser humano. A descoberta foi feita após os pesquisadores compararem o DNA de condenados por crimes violentos com aqueles que cometeram outros tipos de infrações.

– Conduzimos este estudo na Finlândia por causa do histórico singular e da genética médica de sua população – esclarece Goldman. – Os finlandeses modernos são descendentes de um número relativamente pequeno de colonizadores, que reduziu a complexidade genética das doenças neste país. Estudar as genéticas dos criminosos na Finlândia aumentou nossas chances de encontrar genes que influenciam um comportamento impulsivo.

Denominada HTR2B Q20, a mutação se mostrou três vezes mais presente entre os presidiários do que os demais. Os 17 condenados que carregavam a variante (do total de 96 analisados) cometeram uma média de cinco crimes violentos, 94% dos quais sob a influência de bebidas alcoólicas.

– Curiosamente, descobrimos que a variante genética sozinha era insuficiente para fazer as pessoas agirem violentamente – esclarece Goldman.

– Os portadores da mutação no gene HTR2B que cometeram crimes impulsivos eram todos homens, e ficaram violentos apenas quando alcoolizados, o que leva a uma desinibição comportamental.

O diretor do NIAAA, Kenneth R. Warren, observa que a descoberta de uma variante genética que influencia um comportamento impulsivo sob determinadas condições pode ter implicações ainda m a i o re s .

– A interação com a intoxicação por álcool é interessante – acrescenta. – Assim como o aparente envolvimento de um neurotransmissor (serotonina), que foi considerado importante em vícios e outros comportamentos.

Juntas, as descobertas podem levar a um melhor entendimento dos fatores que envolvem a impulsividade e, como consequência, encontrar novas formas de tratamento para manifestações clínicas do comportamento impulsivo.

Mesmo assim, apesar de a presença da mutação ter se mostrado mais frequente nos criminosos, os cientistas ressaltam que sua presença não é suficiente para provocar ou prever o comportamento impulsivo.

Tradução Maíra Mello Com a Agência Fapesp.