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Planetário da Gávea passa a fazer parte do patrimônio da cidade

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Nos próximos dias, o Planetário da Gávea, enfim, vai ser tombado pela Prefeitura do Rio. Os trâmites para que o reconhecimento ocorra já estão chegando ao fim. O mais exaustivo foi feito pelo Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), que levantou extensa pesquisa sobre o equipamento projetado pelos irmãos Renato e Ricardo Menescal, arquitetos modernistas. Agora, a Procuradoria Geral do Município finaliza a última revisão do texto, antes de enviá-lo para a assinatura do prefeito Marcelo Crivella. 

Presidente do IRPH, a arquiteta Claudia Escarlate acentua que um dos aspectos importantíssimos do tombamento é manter aquele espaço público longe da especulação imobiliária. 

“Quando se chega na Rua Marques de São Vicente na altura do Planetário, vê-se o Morro dos Irmãos. O Planetário mantido ali é responsável por dar à cidade essa visada”, explica Claúdia, que trabalhou no escritório dos irmãos Menescal. 

Cláudia observa que toda a cidade tem sem planetário. “E o dá Gávea sempre se inseriu bem no dia a dia da cidade. Ali há feiras e parque para crianças”. A arquiteta também ressalta que no planetário corre o Rio Rainha, que nasce na localidade do Laboriaux, na Rocinha. “É muito bom um espaço como um planetário não deixar um rio como o Rainha submerso, escondido”, diz Cláudia. 

O Planetário, como consta na pesquisa do próprio IRPH, também conta a história da ocupação dos espaços na Gávea. Naquela terreno, nos anos 1940, foi instalado o Parque Proletário da Gávea. À época, em pleno Estado Novo, o governo federal criou alguns parques proletários na então capital federal, a fim de erradicar favelas. Em 1970, com a inauguração do planetário, o Parque Proletário da Gávea teve um fim. 

A foto emblemática à esquerda mostra moradores do local fazendo a mudança compulsória num caminhão do então Departamento Estadual de Rodagem, para um conjunto habitacional de Cordovil, na Zona Norte. Hoje, a despeito da crueldade da remoção no passado, o Planetário traz beleza à cidade. 

Como diz o relatório do IRPH, “o edifício estabelece uma relação entre a astronomia e a arquitetura”: “a necessidade das cúpulas acabou por determinar os demais arranjos arquitetônicos, bem como a circulação entre as suas partes, delineando uma planta circular com rampas que permitem o acesso e circulação entre as edificações, criando grandes vãos internos”. 

O que se faz no interior dessa obra de arte também é bem interessante. Há, por exemplo, uma programação de filmes que envolvem astronomia projetada em uma das cúpulas. Nela, também existe a imponente Biblioteca Giordano Bruno, com um acervo de, aproximadamente, dois mil e quinhentos livros. E astrônomos orientam a observação do céu na Praça dos Telescópios. Embora seja um espaço sideral, bons shows ali já comprovaram potencial de ser um espaço musical também.