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Jacob Barata é sócio de viações acusadas de descontos ilegais

Clã possui 54% das ações de Transurb, Verdun e Nossa Senhora das Graças

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As empresas de ônibus Verdun, Transurb e Nossa Senhora das Graças não têm em comum somente o fato de ser alvo de denúncias sobre descontos ilegais nos salários de seus motoristas e práticas em desacordo com a legislação trabalhista. As três são controladas pela família do empresário Jacob Barata, conhecido como “O Rei dos Ônibus”. É o que se constata no relatório alternativo da CPI dos Ônibus da Câmara Municipal do Rio. Com composição societária idêntica, as três empresas tem 54% nas mãos de quatro integrantes da família Barata. Outros 46% são divididos por 15 sócios, incluindo a empresa Jacob & Daniel Participações S/A, que também conta com membros do clã rodoviário entre seus donos. 

O maior acionista das três empresas é o patriarca Jacob Barata, com 25,80% de cada uma delas, seguido de seus herdeiros Jacob Barata Filho, (o Jacozinho), Rosane Ferreira Barata e David Ferreira Barata, cada um deles com 9,5%. As informações, usadas no relatório da CPI alternativa dos ônibus, constam em publicação no Diário Oficial do Rio, de 22 de julho de 2013. Outros 9,5% cabem à empresa Jacob & Daniel Participações S/A, cujo nome seria uma homenagem ao filho mais novo de Jacob Barata. Seqüestrado em 1994, numa das garagens de ônibus da família, Daniel acabou morto mesmo depois de pagamento de resgate. 

“As empresas que são da família Barata são as que têm mais coisas erradas. Esses descontos de vale-filmagem, vale-avaria, só tem nas empresas deles. Já trabalhei em outras empresas que não tinham nada disso”, afirma um motorista da Transurb S/A, principal alvo de denúncias dos funcionários. 

Ainda de acordo com o relatório, Jacob Barata Filho, 63 anos, herdeiro do “Rei dos Ônibus”, controla dez das 42 empresas de ônibus do Estado do Rio de Janeiro. 

Vaivém na prisão 

O empresário ganhou os holofotes em julho do ano passado, quando foi preso pela Polícia Federal, em um desdobramento da Operação Lava-Jato, no Aeroporto Internacional Tom Jobim, quando tentava embarcar para Lisboa. 

Algumas horas depois, outros dez empresários e dirigentes do setor, velhos conhecidos de Jacozinho, também foram capturados e levados à sede da Polícia Federal, na Praça Mauá. Entre eles, Lélis Marcos Teixeira, o presidente da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor), entidade que representa mais de 200 empresas de ônibus, responsáveis por 81% do transporte público fluminense. 

As prisões ocorridas a partir da Operação Ponto Final expuseram o esquema de corrupção mantido pelas empresas há décadas. Somente em propinas e subornos, o megaesquema movimentou R$ 260 milhões só de 2010 a 2016. Segundo calcula o Ministério Público Federal, a cifra movimentada pelo grupo pode chegar a R$ 500 milhões. Em troca de suborno, as empresas eram beneficiadas com subsídios em impostos, autorização para aumento de tarifas e autonomia para influenciar as políticas públicas mais convenientes a seus negócios.

A corrupção em esfera estadual também resvalou para a municipal. Sgundo consta nos autos da Operação Ponto Final, o ex-prefeito Eduardo Paes teria autorizado a construção do corredor BRT Transbrasil, atendendo interesse das empresas de ônibus.

Em troca de mensagens de Whatsapp entre Jacob Barata Filho e Paes, anexadas nos autos, o ex-prefeito confessa ter dúvidas se tomou a decisão certa autorizando a construção da Transbrasil. “Infelizmente estou indo dar início nesse momento a TransBrasil. Confesso que às vezes tenho dúvidas se escolhi o caminho correto. Bom dia pra vc”. Barata Filho responde: “vamos dar nosso melhor”.

Desde que foi preso pela Polícia Federal pela primeira vez em julho do ano passado, entrar e sair da cadeia virou rotina para Barata Filho. Ele foi solto pela terceira vez em dezembro do ano passado, depois de decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes. Esta foi a terceira vez que Gilmar beneficiou o empresário.