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Moradores relatam abusos em operação da PM no Santa Marta

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A Favela Santa Marta teve ontem uma manhã sob intenso tiroteio. Por volta das 7h, policiais do Grupo de Intervenção Tática (GIT) do Comando de Polícia Pacificadora (CPP) e da Unidade de Polícia Pacificadora do Santa Marta entraram no morro pela parte de cima, vindos de Laranjeiras, como relatou José Mário dos Santos, presidente da Associação de Moradores da comunidade: “A ação começou no Pico (como é conhecido o local mais alto da encosta), mas foi até o trecho mais baixo, próximo à Rua São Clemente”.  Segundo ele, moradores da favela foram à associação registrar violações de direitos humanos praticadas por policiais militares. Itamar Silva, que reside no morro, considerou absurdo o horário da operação policial: “Na parte mais baixa da favela, várias mães estavam desesperadas, pois estavam levando seus filhos à creche Casa Santa Marta naquele momento”. Na Rua São Clemente, a Escola Alemã Corcovado acionou uma sirene e conduziu os alunos à garagem no subsolo da instituição, seguindo seu protocolo de segurança para episódios como o de ontem.

Indagada sobre os relatos de  violações levados à associação de moradores do Santa Marta, a Polícia Militar emitiu a seguinte nota: “Na manhã desta terça-feira (19/06), policiais do Grupo de Intervenção Tática (GIT) do Comando de Polícia Pacificadora (CPP) e da Unidade de Polícia Pacificadora Dona Marta, estão realizando uma operação na Comunidade. Assim que os agentes chegaram à comunidade, criminosos atiraram contra eles. Até o momento não há registro de feridos e apreensões”.

Duas mulheres que levaram suas reclamações à associação de moradores deram entrevista à reportagem do JORNAL DO BRASIL, sem se identificar. As duas moram no Pico. “Jogaram gás lacrimogênio em frente à minha casa. Meu filho é um bebê e tem bronquite.  Vi que eles estavam revistando meu marido fora de casa. Então, eles entraram na minha casa sem mandado de busca e apreensão, perguntando onde estava a mochila com drogas.  Meu esposo não é bandido, e eles tentaram me arrancar uma confissão”, disse ela, acrescentando que os policiais não prenderam o marido dela.  

A outra mulher que se propôs a falar disse que os policiais também entraram na casa dela sem mandado: “(Eles) Me perguntaram se eu tinha alguma ligação com o tráfico.  Um deles falou:  ‘Se estiver mentindo, já sabe”. Ela relatou outra cena: “Pegaram um menino com todo mundo gritando que ele não era bandido”.