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Após vale-filmagem, o vale-avaria: Motoristas de ônibus apontam novos descontos sem explicações

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Depois de o ‘JB’ denunciar o ‘vale-filmagem’ – desconto aplicado aos motoristas de ônibus que deixam passageiros, com direito à gratuidade, entrarem pela porta traseira – , outros descontos não-justificados são apontados por rodoviários. Um motorista que trabalha na empresa Transurb há pouco mais de um ano aponta, em seu contracheque, o ‘vale-avaria’ e também o ‘vale-sinistro’. 

O primeiro seria uma penalidade para destruição de alguma parte do coletivo. Já o segundo, para casos  de colisão do ônibus com outros veículos. Nenhum dos dois, afirma o condutor, aconteceram com o coletivo da linha 580 (Laranjeiras-Largo do Machado), dirigido por ele. 

>> Motoristas se revoltam contra o ‘vale-filmagem’, do qual são cobrados por passagens das gratuidades

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“Se eu não bati o ônibus nem quebrei nada, por que esses dois descontos no meu salário? Já reclamei com meu supervisor, mas não adiantou nada. Esses descontos sem explicação estão piorando a cada dia, como se já não bastasse o vale-filmagem. Não prestam conta de nada. Quando a gente reclama, escuta que é pra procurar a Justiça quando sair da empresa”, relata o condutor. 

Em seu último contracheque, diante de tantos descontos inesperados, restaram apenas R$ 300 em seu salário líquido. Só de descontos dos vales avaria, filmagem e sinistro, ele perdeu R$ 813. Sem ter como pagar as contas, acabou negativado no Serviço de Proteção ao Crédito e o aluguel da casa onde vive com a família está atrasado.

“É muita falta de respeito com os funcionários. No caso do vale-filmagem, alguns estudantes forçam a porta e entram pela traseira do ônibus por não terem RioCard. Não tenho como impedí-los, porque a linha que eu faço passa por favelas como Morro dos Prazeres e Cerro Corá. Não vou colocar minha vida em risco. Gratuidades são um direito do passageiro, com ou sem Riocard”, reclama ele. 

Segundo a procuradora do Ministério Público do Trabalho do Rio de Janeiro (MPT-RJ), Fernanda Diniz, a empresa não pode descontar nenhum prejuízo, teoricamente causado pelo motorista, sem antes apurá-lo e comprová-lo. 

“Já vi empresas na Baixada que, em caso de acidentes, descontavam o prejuízo automaticamente do funcionário. Sem apurar se a responsabilidade era dele. Isso está errado”, aponta. 

Transurb não se manifesta Alvo de reclamações dos rodoviários, a empresa Transurb S/A não respondeu até o fechamento desta edição.