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UPPs cresceram com interesse eleitoreiro, diz secretário de Segurança

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No balanço dos 100 dias da intervenção federal no Rio de Janeiro, o secretário de Segurança, general Richard Nunes, disse que todo o projeto das unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) está sendo reestruturado. Segundo ele, houve uma expansão desordenada das UPPs, feita de forma “irresponsável” e para “satisfazer interesses políticos eleitorais”. Nunes explica que até o término da intervenção, cerca de metade das 38 UPPs atualmente instaladas será transformada e as outras serão “rearticuladas de maneira mais branda”, com mudanças como área territorial ou efetivo.

“Neste mês estamos rearticulando a UPP Mangueirinha, em Duque de Caxias, que está se transformando numa companhia destacada do 15º Batalhão. Graças a esta ação, nós podemos reforçar o efetivo dos quatro batalhões da baixada fluminense e mantivemos as ações sociais que eram realizadas na Mangueirinha e o patrulhamento daquela área. Me parece que esse procedimento é extremamente benéfico para a segurança do estado e ele vai prosseguir”.

Legado da intervenção 

O general participou nesta terça-feira (29) do fórum de debates 100 Dias da Intervenção Federal, organizado pelo Observatório Militar da Praia Vermelha, e apresentou um balanço do que foi feito desde fevereiro. Um dos focos é aumentar a integração das forças de segurança e a colaboração mútua, com regime de metas integradas, o que, segundo ele, deve ser o legado da intervenção para o estado fluminense.

Nunes disse que o trabalho da intervenção atua em dois eixos, tendo como ações emergenciais a missão de baixar os índices de criminalidade e aumentar a percepção de segurança; e como ações estruturantes recuperar a capacidade operativa dos órgãos de segurança e fortalecer os órgãos de segurança pública como instituições do estado. O general disse que vai ser instalada uma companhia destacada da Polícia Militar na Praça Seca, região ocupada pelas forças armadas em uma grande operação no dia 18, e que será lançada a ouvidoria da intervenção.

Na abertura do evento, o interventor federal, general Walter Braga Netto, falou sobre o trabalho feito durante a greve dos caminhoneiros no Rio de Janeiro. Nunes disse que durante a greve a intervenção atuou para garantir o funcionamento de hospitais e serviços essenciais, mantendo o abastecimento de combustíveis em postos do Corpo de Bombeiros e da PM. 

Índices de criminalidade não diminuíram

No evento, a diretora-presidente do Instituto de Segurança Pública (ISP-RJ), Joana Monteiro, disse que os dados do instituto, que apresentam uma ligeira queda em alguns índices de criminalidade desde março e aumento em outros, não mostram um impacto significativo para afirmar que a intervenção contribuiu para reduzir os crimes no estado. Para ela, é cedo para avaliar os efeitos da intervenção, porque começou no dia em que foi decretada. "Uma série de ações precisou ser tomada, desde as trocas de comando das polícias, que ocorreram no meio de março. As questões orçamentárias, de trazer alívio de volta para a capacidade operacional das polícias só começou a ocorrer em meados de abril, então é daí que a gente tem que começar a esperar resultados”.

Segundo Joana, o estado passa por uma grave crise fiscal, o que impacta diretamente na segurança pública e que afetou muito a capacidade de operação das polícias. "A gente tem que restituir essa capacidade de operação de volta, seja em termos de carros, seja de atrasados de salários, para daí a gente começar a esperar resultados”.

Caso Marielle e Anderson

Sobre as investigações da execução da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Pedro Gomes, Nunes disse que o trabalho está em andamento. “Esse crime, pela repercussão que teve, continua sendo investigado com toda a prioridade e os avanços têm ocorrido, mas é um crime com um alto grau de complexidade e dificuldade para se produzir provas. Tenho convicção que vamos chegar a algum êxito na investigação desse crime”.