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Carioca é única sul-americana aprovada para curso em Chicago

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Laura Moraes, carioca de 29 anos, é a prova viva do retorno que pode dar uma boa educação. Aluna de doutorado em Inteligência Artificial do Instituto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), ela é a única pesquisadora da América do Sul aprovada para participar do Data Science for Social Good Fellowship 2018 da Universidade de Chicago. Por três meses, os participantes selecionados vão desenvolver projetos de relevante impacto social. A informação foi divulgada pelo Informe JB. 

Ela faz as malas hoje à tarde, porém, já morou em Genebra, na Suíça, quando foi trabalhar com o Acelerador de Partículas, na fronteira da França com a Suíça. Com seu jeito descontraído e raciocínio rápido, dessa vez ela vai entrar em um terceiro universo de atuação a partir da engenharia, ramo no qual se graduou. Laura já trabalhou com físicos na Suíça; durante sua tese de mestrado atuou com a medicina, ao aplicar a Inteligência Artificial em processos de leucemia, e agora explora a educação. 

“Minha tese de doutorado não é ligada ao impacto social, mas a uma forma de trabalhar com educação. O objetivo é criar um caminho específico para orientar o aluno a estudar mais os conteúdos que ele ainda não domina, o que vai impactar nos custos e tornar a educação mais acessível”, diz. 

Laura é uma das sócias da empresa Twist, Inteligência Artificial e Computacional do Parque Tecnológico da Coppe. “Pensamos em trabalhar com outras empresas daqui algum tipo de apoio para o pessoal da Maré, por exemplo, onde há escolas de ensino básico e médio”, especula. 

Segundo ela, um grupo da UFRJ apoiou os alunos da Maré a participar das olimpíadas no Brasil “Estamos querendo repetir isso. Quero incluir na minha tese de doutorado como apoiar as escolas da Maré, o que pode tomar escala e o projeto viria a ser aplicado em outros lugares”, planeja. Na Twist, Laura se direciona ao ensino de computação que, “junto ao pensamento lógico, abre a cabeça para aprender outras coisas, bem como contribui para uma melhor capacidade técnica”, resume. 

Sua viagem pelo universo das exatas começou aos 10 anos, quando seu avô, o ex-deputado Raimundo de Oliveira, ao perceber a vocação da neta – “sempre fui boa em matemática” -, a matriculou num curso de SOS Computadores. “Foi quando me interessei pela área de programação. Passei a criar sites em casa, para mim mesma, e percebi que aprendia muito mais fazendo um projeto próprio. Com 15 anos, entrei na Escola Técnica do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET), quando comecei a aprender eletrônica. Depois entrei na Engenharia na UFRJ e fui trabalhar na Suíça”, sintetiza. 

Ela já tem colhido resultados curiosos em sua experiência na Twist, cuja principal atividade é analisar dados. “A empresa ainda não tem um viés social, mas é algo que me motiva e gostaria de investir nessa direção. Esse ano monitoramos o carnaval do Rio e chegamos à conclusão de que o pessoal gostava mesmo era da Bruna Marquezine no camarote”, diverte-se. 

E se o Brasil é um país onde 11,8 milhões de pessoas, ou 7,2% da população, ainda é analfabeta – conforme a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada pelo IBGE em dezembro de 2017 -, na avaliação do professor que orienta a tese de doutorado de Laura, Carlos Eduardo Pedreira, é preciso começar tudo ao mesmo tempo. “Não podemos esperar 25 anos para avançar no ensino. Temos de abordar do ensino básico ao doutorado”, defende. E aponta um crescimento na procura da pós graduação na Coppe, improvável resultado do desemprego provocado pela crise Só esse ano, foram 40 novos candidatos.