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Ex-presidente da Fetranspor se nega a responder perguntas na CPI de Transportes

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O ex-presidente da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio (Fetranspor), Lélis Teixeira, seguiu orientação de sua defesa e permaneceu calado na reunião de ontem da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) que investiga as irregularidades na administração dos transportes públicos. Presidente da CPI, o deputado Eliomar Coelho (PSOL) disse que vai pedir à Procuradoria Geral da Alerj que revogue a decisão de conceder salvo-conduto  a Lélis Teixeira para que não respondesse os questionamentos: “Dessa forma, ele está obstruindo os trabalhos da comissão. Temos prerrogativa pra isso, e a Procuradoria nos dirá qual o procedimento a ser adotado para termos as repostas das perguntas formuladas”. 

Vice-presidente da CPI, o deputado Gilberto Palmares (PT), mostrou   que, em 18 anos, o preço da passagem subiu 80% mais do que a inflação medida no período: “De 1998 até 2016, a variação da inflação foi de 300% e a variação do preço da passagem foi de 540%. As passagens sempre aumentaram muito acima da inflação, significando que a população está tendo que gastar um percentual acima do seu orçamento”. Eliomar afirmou que a CPI investigará o RioCard: “Ele é administrado pela Fetranspor, não passou por um processo licitatório, a entrega foi feita de forma inconstitucional e não há prestação de contas por parte de quem administra o cartão a nenhum órgão público”. Palmares ressaltou que o sistema que opera o Bilhete Único recebe dinheiro do estado: “Em 2014, foram R$ 545 milhões, em 2015 foram R$ 595 milhões e em 2016, R$ 624 milhões. Então é o estado dando dinheiro para os barões do transporte e a população pagando o preço alto das passagens. Cabe à CPI investigar essas irregularidades”.

Lélis Teixeira só abriu a boca para rebater a crítica do parlamentar: “Não sou barão, sou executivo. Não estou fugindo, estou afastado há um ano. Não há falta de respeito à comissão ou aos deputados. Propus ficar em silêncio para responder depois por escrito, por questões jurídicas, e ao que puder responder porque fui afastado por motivos de saúde. É o que me foi pedido pelos advogados”. Palmares criticou o fato de o ex-empresário se manifestar contra a designação, mas se recusar a responder perguntas: “Ele repetiu inúmeras vezes que ele ia permanecer em silêncio e é exatamente assim que tem acontecido nos últimos 15 anos. 

Em silêncio, de forma clandestina, a Fetranspor, os barões do transporte e as autoridades da Secretaria de Transportes têm agido contra a população”. Lélis Teixeira é acusado de participar de esquema que desviou R$ 260 milhões das viações para políticos e responde a três processos. Ele foi preso em operações como “Ponto Final” e “Cadeia Velha”, extensões da Lava Jato no Rio, e está em liberdade graças a um habeas corpus expedido  pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes. Na próxima segunda-feira os deputados que integram a CPI vão a Brasília ouvir o ex-secretário de Estado de Transportes Julio Lopes, que se valeu da prerrogativa de ser deputado federal para depor à comissão na capital federal