ASSINE
search button

Saara vende encalhe das Olimpíadas

Compartilhar

Apesar da convocação da seleção brasileira, ontem, e das bandeiras brasileiras emoldurando o Rua Senhor dos Passos, no coração da Saara, maior shopping ao ar livre de lojas populares da cidade, a Copa do Mundo está longe de decolar por ali. Mesmo com todo o investimento na decoração, como na Melissa Presentes, loja de bijuterias que encheu seu interior com bandeirinhas verde e amarelas, o movimento ainda é pífio. 

A Dimona Beto Confecções, anuncia “aqui tem produto oficial”, entretanto expõe seu estoque remanescente das Olimpíadas. São camisetas baby look a R$ 3,99, blusas de malha com variadas estampas verde e amarelas na promoção por R$ 9,90, bolsas, mochilas e cofrinhos, loja vazia e vendedoras desanimadas. “O que mais sai são as camisetas, mas está muito fraco, o pessoal está desacreditado de nosso futebol”, arriscou um chute a funcionária Ana Maria Santos, 48 anos, para explicar o zero a zero. 

Quem se interessou pelo ‘apelo’ da loja foi a arquiteta carioca Mariana Barroso da Silva, 32 anos, que está morando na Austrália para estudar inglês e fazer um curso de especialização. Ela andou comprando produtos verde e amarelos por aqui, postou no Facebook, fez sucesso com a colônia brasileira australiana e resolveu comprar peças para revender por lá. “Dá para sentir que os brasileiros não estão empolgados com a Copa. Só que lá, como o pessoal não tem outras opções, recebi várias encomendas”, conta ela. 

Um dos estoques mais criativos é  o da loja Big Festas, com chapéus de todos os tipos e tamanhos (de R$ 3 a R$ 14), colares havaianos verde e amarelos (R$ 5), e buzinas de plástico (R$ 1,60), entre outras miudezas. “Nas outras copas a variedade de produtos era muito maior, as pessoas faziam fila na loja. Ainda está fraco, talvez porque ainda esteja longe da Copa”, especulava a vendedora Ana Aragão, 42.  

Se não havia ninguém andando pela rua de verde e amarelo, a administradora de empresas Márcia Rocha, 52 anos, observava as lojas carregando uma sacola cheia de pequenas munhequeiras com as cores do Brasil. “Vim procurar decoração para a festa de 5 anos de meu filho, que gosta de futebol. Está difícil, só tem peças da Disney, e a maioria das coisas é para adultos. Estou tentando me adaptar”, comentou. 

A Cia do Chinelo que, apesar do nome, só vende roupas, expõe camisetas regata e de manga verdes e amarelas por R$ 24,99. Do lado de fora, há uma bandeira brasileira que se destaca, à venda por R$ 4,99, até agora a peça de maior saída. “Tinha bastante no estoque, desde o ano passado, e já saiu muito”, atesta a vendedora Ana Carolina dos Santos, de 23 anos, “nem parece que é Copa. Saara está vazio”, lamentou. 

Chega a ser cômico o chapéu de cowboy verde e amarelo, único produto típico da festa esportiva oferecido na Liang Bazar. Eles chegaram à loja na semana passada e estão em oferta: de R$ 15 por R$10. “Até agora não vendeu nenhum”, contabilizou o vendedor Francisco Carlos, 46 anos. 

Ali perto, as lojas de eletrodomésticos da Rua Uruguaiana sequer se preocupavam em sintonizar as TVs nos canais em que Tite anunciava a lista dos convocados para a seleção que vai jogar na Rússia. Assim como na Saara, sequer apareciam clientes interessados em tirar uma casquinha das TVs de telas planas, cada vez mais digitais.