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Gabinete de Intervenção decide acabar com metade das UPPs

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Em decisão tomada nesta quinta-feira, 26, em reunião, o Gabinete de Intervenção Federal decidiu extinguir metade das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP). Das 38, 12 serão fechadas nos próximos meses. Sete serão incorporadas por outras unidades.

De acordo com estudo da Polícia Militar, forças de segurança já perderam controle de determinadas áreas. Por conseguinte, as unidades não conseguem operar de maneira satisfatória e serão fechadas. Duas das 19, segundo informações da TV Globo, já estão em processo de extinção.

As UPPs Cerro Corá e Complexo de São Carlos serão fechadas primeiro. Posteriormente, a unidade Mangueirinha, em Duque de Caxias, também seguirá o mesmo caminho. O Gabinete de Intervenção Federal anunciará quando as demais unidades fecharão nos próximos meses. 

O projeto das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) foi criado em 2008, como um dos principais instrumentos de segurança pública do estado. No ano passado, foi anunciada uma reformulação e o remanejamento de um terço do efetivo que atuava nas favelas.

Em levantamento sobre as percepções de segurança pública com mais de 6 mil pessoas, que foram visitadas em suas casas entre setembro de 2015 e fevereiro de 2016, da Universidade de Stanford, a UPP foi avaliada como positiva para a comunidade apenas por 31% dos entrevistados. 22% consideraram a experiência negativa. 

Para 23%, houve melhora na relação entre comunidade e policiais, mas para 27% essa interação não melhorou. O maior número de entrevistados, no entanto, não apresentou avaliações positivas nem negativas, respondendo às perguntas dizendo que concordam "em parte" ou que "as coisas ficaram da mesma forma." Por outro lado, 48% dos entrevistados avaliaram que a UPP aumentou o desenvolvimento econômico local e 33% relataram que ajudou a diminuir a discriminação à favela.

As avaliações também diferem de uma comunidade para outra. No Batan, 60% da população acredita que a UPP foi uma ação positiva e apenas 4% tem uma opinião oposta. Na Rocinha, 40% dos entrevistados discordam que a UPP melhorou a comunidade, enquanto somente 20% concordaram com esta afirmação.

A Rocinha é também a única favela onde o número de moradores que querem a saída da UPP foi maior do que aqueles que querem a permanência. O fim do projeto é defendido por 30% dos entrevistados, contra 27% que não desejam. No Batan e na Cidade de Deus, mais da metade dos residentes acham que a UPP não deve abandonar a comunidade.

"Apesar da existência de opiniões diversas sobre a UPP, quando perguntamos diretamente aos moradores se querem que ela deixe a favela, 46% de todos os entrevistados respondem que não", disse a pesquisadora Beatriz Magaloni, diretora do Laboratório de Pobreza, Violência e Governança (PoVgov) da Universidade de Stanford.