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Justiça exige laudo de ciclovia

Crea tem dez dias para enviar relatório sobre a Tim Maia. Engenheiro diz em CPI que houve pressa

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O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ) e o Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias (INPH) foram intimados pela Justiça do Rio de Janeiro a apresentar um laudo técnico sobre as reformas realizadas na Ciclovia Tim Maia, segundo informou o “RJ-TV”, da Rede Globo, em sua primeira edição, na manhã de ontem. O prazo estipulado pelo TJ-RJ para que os órgãos cumpram a exigência é de dez dias. Desde março passado, a Justiça solicita ao Crea-RJ e ao INPH estudos que possam comprovar que há segurança suficiente para que a ciclovia seja liberada. Caso o presidente do Crea-RJ, Luiz Antonio Cosenza, e a diretoria do INPH não respondam dentro do prazo fixado, os gestores poderão sofrer sanções legais e administrativas. 

Ontem, houve mais uma sessão da CPI da Ciclovia Tim Maia na Câmara dos Vereadores. O depoimento mais contundente foi o do conselheiro do Crea-RJ Luiz Carneiro. O engenheiro afirmou que  o projeto original não levou em consideração a proximidade com o mar e destacou que a obra, que custou aos cofres públicos R$ 44 milhões, foi inaugurada às pressas, em janeiro de 2016. “Naquela reta final de inauguração (a menos de sete meses das Olimpíadas), o prefeito tinha pressa de inaugurar. Ele também inaugurou a Avenida das Américas (trecho do BRT), e está afundando lá em Guaratiba. Ele tinha pressa de inaugurar”, disse Carneiro. O engenheiro afirmou também que a empresa responsável realizou as obras de reparo e que, se a GEO-Rio, órgão auxiliar da Secretaria de Obras do Município, avaliar e aprovar a reforma, a ciclovia poderá voltar a operar. Mas, assim como alertaram os engenheiros da Fundação Fundação COPPETEC, da UFRJ,  o conselheiro do Crea-RJ ressalvou que, caso o mar esteja de ressaca, com ondas acima de 2,5 metros, a via ainda assim não estará segura. 

Peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), Telles Braga e Felipe Dias também participaram do encontro, mas se disseram impossibilitados de opinar a respeito, alegando que só poderiam depor sobre o laudo criminal. A Comissão chegou a enviar na semana passada um ofício requerendo ao Instituto o envio do documento, mas o laudo não foi entregue, embora Telles Braga tenha feito consultas ao relatório durante o encontro. 

Diante disso, os vereadores decidiram oficiar a 15ª Delegacia de Polícia, responsável pelo inquérito criminal do acidente. Após alguma insistência, os peritos leram em voz alta a conclusão do laudo e disseram que o projeto básico foi diferente do projeto executado e que a obra não levou em consideração a força das ondas na base da plataforma. “A causa da queda foi o não dimensionamento das ondas na plataforma. Não houve previsão das ondas ascendentes nem no projeto base e nem no projeto de execução”, afirmou Telles Braga. Esposa do engenheiro morto no acidente, a médica Eliane Tinoco esteve na reunião e questionou a falta de expertise da empresa executora da obra.

Além do laudo requerido à 15ª DP, os vereadores também decidiram solicitar os projetos base da obra à Prefeitura do Rio e os relatórios da Concremat, executora da obra, que terá de apresentar tanto o laudo de execução da obra, como o da vistoria pós-desabamento. A pouco mais de três meses da inauguração da ciclovia que liga os bairros de São Conrado e Leblon, na Zona Sul, um trecho de cerca de 20 metros da Tim Maia desabou  no feriado de 21 de abril de 2016, matando duas pessoas. Em 2017, um laudo do Crea-RJ confirmou que a via não tinha condições de segurança e sugeriu sua interdição nos meses em que as ressacas são mais comuns no Rio.