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Fichtner tentou impedir investigação contra ele, diz MPF em pedido de prisão

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O Ministério Público Federal apontou que a decisão pela prisão do ex-chefe da Casa Civil do governo de Sérgio Cabral, Régis Fichtner, foi baseada em evidências de tentativas de impedir investigações que o indicam como parte atuante do esquema de corrupção do Governo do Estado do Rio de Janeiro. para obter vantagens pessoais para integrantes da quadrilha. 

Fichtner foi preso na manhã desta quinta-feira (23) em seu apartamento na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio.  A PF também prendeu o empresário Georges Sadala, suspeito de ser o operador financeiro do esquema montado pelo ex-governador Sérgio Cabral, e os engenheiros Maciste Granha de Mello Filho, presidente da empresa Construtora Macadame LTDA, e Henrique Alberto Santos Ribeiro, ex-presidente do DER no governo Cabral. 

O ex-dono da Delta Engenharia Fernando Cavendish foi alvo de condução coercitiva, assim como o empresário Alexandre Accioly, dono da rede de academias Body Tech. 

Atualmente, Régis Fichtner é procurador assessor no gabinete do Procurador-geral do Estado do Rio de Janeiro, com acesso a documentos e dados das investigações. "Aliás, segundo o MPF demonstra, REGIS já realizou alguns movimentos suspeitos que demonstram a tentativa de impedir as investigações a seu respeito, como o encerramento de conta de email usualmente visto nas mensagens trocadas entre os integrantes das organizações criminosas", diz o pedido de prisão.

O pedido de prisão de Fichtner também frisa a gravidade dos crimes contra o patrimônio público. O ex-secretário apareceu em anotações feitas em agendas de Luiz Carlos Bezerra onde a contabilidade do esquema de corrupção era realizada. Ele era identificado com os codinomes “Régis”, “Alemão” e “Gaúcho”.

Homem forte de Cabral, Fichtner é acusado de receber cerca de R$ 1,5 milhão neste esquema de propinas, referentes a obras como a construção do Arco Metropolitano (que interliga rodovias que chegam à cidade do Rio) e a urbanização de grandes comunidades no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das Favelas. Este esquema chegou a desviar R$ 21 milhões dos cofres públicos. Fichtner recebia propinas referentes a obras públicas até mesmo no Palácio Guanabara, sede do governo fluminense.

O Ministério Público Federal afirmou ainda, segundo O Globo, que Fichtner concedeu benefícios fiscais de R$ 583,1 milhões para a White Martins Gases. O MP tem informações que as autoridades policiais sabem que o escritório contratado para fazer este tipo de serviço foi o do irmão do ex-chefe da Casa Civil, coincidindo inclusive com o fato de tanto um dos executivos da White Martins quanto Régis Fichtner morarem no mesmo condomínio.

Aumento de patrimônio

Os investigadores identificaram um aumento significativo do patrimônio dos investigados. De acordo com a Receita Federal, isso aconteceu com os patrimônios de Régis Fichtner, Georges Sadala, sócio de uma das empresas que administravam o Rio Poupa Tempo, e de Maciste Granha de Mello Filho, presidente da empresa Construtora Macadame LTDA. 

Sadala, preso em um prédio de luxo na Avenida Vieira Souto, de frente para o mar de Ipanema, tinha R$ 1,4 milhão em bens em 2007. Em 2016, o valor subiu para R$ 35,6 milhões. Sadala é dono de empresas que prestavam serviços ao governo do estado e, em 9 anos, aumentou o patrimônio em cerca de 30 vezes. Já Maciste aumentou o patrimônio em 1200%, o que representa R$ 27 milhões entre 2007 e 2016, época em que fez contratos com o governo do estado e com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Maciste é sócio e presidente da empresa Macadame LTDA e teria feito pagamentos aos integrantes da organização criminosa de mais de R$ 550 mil para conseguir contratos de obras.

Operação C'est fini 

A PF também prendeu nesta quinta-feira o empresário Georges Sadala, suspeito de ser o operador financeiro do esquema montado pelo ex-governador, e os engenheiros Maciste Granha de Mello Filho, presidente da empresa Construtora Macadame LTDA, e Henrique Alberto Santos Ribeiro, ex-presidente do DER no governo Cabral. 

As ações fazem parte da Operação C'est fini (É o fim, em francês), cujo nome é inspirado nas famosas fotos da "farra dos guardanapos", quando Cabral, empresários e secretários festejaram num restaurante de luxo a escolha do Rio como sede da Olimpíada.

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 O ex-dono da Delta Engenharia Fernando Cavendish, que cumpre prisão domiciliar, alvo de condução coercitiva, foi levado para a sede da Polícia Federal, na Praça Mauá, no Centro do Rio. Ele estava em sua casa, na Avenida Delfim Moreira, no Leblon. O empresário Alexandre Accioly, dono da rede de academias Body Tech, também foi intimado a depor. 

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