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"Ninguém quer esconder nossas mazelas e erros. Vamos enfrentá-los", diz Pezão

Governador participou de primeiro evento ao lado de Torquato Jardim, após a polêmica na segurança

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Nesta segunda-feira (13), no primeiro evento público após a polêmica sobre as acusações aos comandantes de batalhões do Rio de Janeiro, o governador Luiz Fernando Pezão e o ministro da Justiça, Jardim Torquato, evitaram tocar no assunto. Mas em seu discurso, Pezão frisou que o governo "não quer esconder" os erros, e que vai enfrentá-los. Por sua vez, em sua fala Torquato chegou a se emocionar ao lembrar de sua infância na cidade, quando havia menos violência. O ministro reforçou que seu compromisso no combate à criminalidade é "pessoal". "Não abro mão desse compromisso." Pezão e Torquato participaram no Rio, juntamente com o presidente Michel Temer e o prefeito Marcelo Crivella, da cerimônia de assinatura do decreto que garante o repasse de  R$ 157 milhões para o Estado do Rio. Os recursos do governo federal serão destinados ao Programa Emergencial de Ações Sociais.

“No tempo da minha infância, eu ia visitar meus padrinhos na Tijuca, de lotação, sem susto. Eu ia assistir o Flamengo jogar sem medo. Andava de bonde porque não havia bala perdida. Levava a minha avó na igreja de Nossa Senhora da Pena. É esse o Rio de Janeiro que nós queremos para todos vocês que são mais jovens”, acrescentou Torquato.

Em sua fala, Pezão destacou a parceria do governo federal para combater a crise no Rio, e enumerou alguns dados recentes positivos da economia no Estado. "Ninguém quer esconder as mazelas e os erros nossos. Todos eles, nós vamos enfrentá-los. Mas também a agenda positiva nós temos que mostrar", reforçou Pezão.

Por sua vez, o presidente Michel Temer afirmou que há “uma unidade absoluta” em seu ministério. "No nosso ministério não há uma desintegração qualquer, há uma unidade absoluta", disse, prosseguindo: "Ao discursar, sempre procuro encontrar uma palavra-chave para a solenidade que participo. E acho que a palavra-chave aqui é integração. Aqui é uma cooperação entre o governo do estado, prefeitura da cidade do Rio de Janeiro e governo federal."

Polêmica

Torquato Jardim fez críticas contundentes ao governador Luiz Fernando Pezão e à segurança pública do Estado do Rio de Janeiro, em entrevista ao Blog de Josias de Souza, no portal UOL, no dia 31 de outubro. Segundo Jardim, Pezão e o secretário de Segurança, Roberto Sá, não têm nenhum controle sobre a Polícia Militar.

"Nós já tivemos conversas — ora eu sozinho, ora com o Raul Jungmann (ministro da Defesa) e o Sérgio Etchegoyen (chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência) —, conversas duríssimas com o secretário de Segurança do Estado e com o governador. Não tem comando", afirmou Jardim, acrescentando que o comando da PM fluminense decorre de "acerto com deputado estadual e o crime organizado". 

Ainda segundo Torquato Jardim, a morte do comandante do 3º Batalhão da PM (Méier), Luiz Gustavo Teixeira tratava-se de um "acerto de contas", e não de um assalto. ''Esse coronel que foi executado ninguém me convence que não foi acerto de contas. Ninguém assalta dando dezenas de tiros em cima de um coronel à paisana, num carro descaracterizado. O motorista era um sargento da confiança dele”, afirmou o ministro. "Comandantes de batalhão são sócios do crime organizado no Rio", completou Jardim.

Na ocasião, Pezão, o secretário de Segurança, Roberto Sá, e a Polícia Militar reagiram, rechaçando as acusações. Pezão inclusive decidiu entrar na Justiça contra o ministro.

>> Acusações de ministro causam "indignação", diz secretário. PM cita "irresponsabilidade inadmissível"

>> Pezão vai à Justiça contra ministro da Justiça

Programa Emergencial de Ações Sociais

Temer anunciou, nesta segunda-feira (13), no Rio, um pacote de programas sociais conjugado às ações de segurança pública - o Programa Emergencial de Ações Sociais - com aporte de R$ 157 milhões. As ações, que já vinham sendo divulgadas por autoridades estaduais e federais desde julho deste ano, devem atender 50 mil crianças e adolescentes de 6 a 17 anos. Os beneficiários têm de estar cadastrados no Programa Bolsa Família ou inseridos no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal. 

O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, saudou o programa. "Hoje, estamos assinando um convênio para cuidar da maior riqueza do Rio, que são essas crianças. O Rio não pode ser generalizado. O Rio não é de traficantes, do crime organizado, dos corruptos! É sim um lugar extraordinário. Nós vamos sair dessa crise e mostrar que somos mais fortes do que ela", disse o prefeito, na cerimônia realizada no Centro de Educação Física Almirante Adalberto Nunes (Cefan), na Penha, Zona Norte da cidade. 

O programa inclui um pacote de ações nas áreas de justiça, educação, esporte e direitos humanos. Os beneficiários devem estar inseridos no Cadastro Único para Programas Sociais do governo federal, preferencialmente atendidos pelo Bolsa Família. Serão atendidos jovens das áreas do Complexo do Lins de Vasconcelos, Complexo do Alemão, Complexo da Penha, Complexo da Maré, Chapadão/Pedreira, Cidade de Deus e Vila Kennedy, Rocinha, Baixada Fluminense e Complexo do Salgueiro (São Gonçalo).

Segundo o ministro do Desenvolvimento Social, Osmar Terra, a proposta é focalizar em áreas críticas para reduzir o nível de violência e resgatar a cidadania das comunidades. 

"Vamos dar oportunidade aos jovens que estão nessas áreas de risco para mostrar que um outro mundo é possível, fora da violência do crime organizado. Vamos apoiá-los para que possam desenvolver suas potencialidades e construir uma perspectiva de vida melhor."