ASSINE
search button

UFRJ dará título de doutor honoris causa a Ziraldo e Martinho da Vila

Compartilhar

O Conselho Universitário (Consuni) da UFRJ aprovou na sessão da última quinta-feira (14) a concessão do título de doutor honoris causa a Ziraldo e Martinho da Vila, pela relevância de suas obras para a cultura nacional. A decisão pelos conselheiros foi por unanimidade e aclamação.

“São dois enormes reconhecimentos acadêmicos”, considerou o reitor Robero Leher. “A decisão reconhece a contribuição extraordinária que Ziraldo vem construindo ao longo dos anos para as artes gráficas e, sobretudo, para a interação entre as imagens e a lituratura infantil”, destacou.

“O trabalho magistral que Martinho da Vila tem feito em prol da cultura sempre fortaleceu a confiança da juventude negra. Esses jovens mais explorados, que hoje estão chegando à universidade com muito orgulho, certamente vão se reconhecer nesse título. É um honoris causa que traduz o que vieram buscar na UFRJ”, completou.

A proposta para concessão do título a Ziraldo foi encaminhada ao conselho pelos professores Carlos Terra, diretor da Escola de Belas Artes, e Carlos Vainer, coordenador do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ. O parecer da Comissão de Ensino e Títulos destacou o impacto da obra 'O Menino Maluquinho' na literatura e no cinema, bem como a atualidade de seus quadrinhos e importância para reflexão “política, econômica, social e ambiental”.

Relatora do parecer, a professora Debora Foguel destacou no documento que Ziraldo trabalha junto à Escola de Belas Artes na restauração do painel “A última ceia”, descoberto numa área do antigo Canecão com pouco mais de 40% da pintura original preservada. Pintado diretamente sobre a parede, a obra é uma das maiores do país, com 32mx6m e foi criada em 1967.

A homenagem a Martinho da Vila, por sua vez, teve origem no Departamento de Letras Vernáculas da Faculdade de Letras. Todos os pareceres no âmbito da faculdade foram unânimes para a concessão do título de doutor ao cantor, compositor e escritor.

O documento aprovado pelo Consuni afirma que Martinho da Vila “tornou-se um mediador entre a cultura popular e a erudita, por suas qualidades bi-culturais de mestre popular e de ídolo da indústria cultural, o que potencializou sua atuação na promoção da cultura popular e na militância contra o racismo na sociedade brasileira”.

José Sérgio Leite Lopes, professor responsável pela relatoria, resgatou em seu parecer a canção “O Pequeno Burguês”, composta por Martinho em 1969, que tratava das dificuldades de um recém-universitário para se manter na universidade particular. Segundo ele, a crítica serve para a sociedade pensar as dificuldades hoje vividas por “estudantes oriundos das classes populares, das maiorias dominadas e das minorias étnicas” para se manterem nas universidades públicas, que passam por tentativas de desmonte no país.

Com a aprovação pelo Conselho Universitário, a próxima etapa é a de concessão em cerimônias especiais. As datas ainda serão programadas pela UFRJ.

*do site oficial da UFRJ