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UFRJ anuncia auxílio financeiro para estudantes afetados por incêndio

Alunos acusam reitoria de falta de diálogo

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A partir de outubro, a Reitoria da UFRJ concederá auxílio emergencial no valor de R$ 1.050,00 para estudantes que moravam na ala B da Residência Estudantil, que sofreu um incêndio em agosto deste ano. A reitoria informou que os estudantes ficarão em dois hotéis até o dia 9 de outubro. 

A UFRJ afirma ainda que a decisão foi tomada após reuniões realizadas neste mês entre alunos e a Administração Central da universidade. Entretanto, na página de Facebook dos alunos afetados pelo incêndio, uma nota diz que "não foi dada nenhuma outra opção aos alunos e toda ação foi imposta pela reitoria". 

"A UFRJ possui prédios públicos pelo Rio de Janeiro mas se nega a dar esclarecimentos sobre o real motivo de não abrigar os alunos em um lugar público. Enquanto isso, no alojamento incendiado, nada foi feito. Todos os pertences dos alunos que não foram afetados ainda estão lá e ainda não temos o laudo do incêndio. A UFRJ continua omissa em relação a nossa moradia fixa. Toda proposta do reitor é na iniciativa privada", finalizou a nota.

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Segundo o reitor Roberto Leher, o auxílio será concedido durante o período de conclusão da primeira moradia adicional, com recursos a serem obtidos com apoio do Ministério da Educação (MEC). A contratação de 192 vagas para hospedagem no hotel Mercure, em Nova Iguaçu e transferência começaram a ser feitas nesta quarta-feira (20). Isso porque no hotel Ibis da Praça Tiradentes, onde os alunos estavam hospedados a princípio, tinha vagas reservadas previamente para outros hóspedes até a próxima segunda-feira (25).

Depois de segunda, segundo a reitoria, todos retornarão ao Centro do Rio, com exceção de 32 alunos, que não sairão do local por terem compromissos acadêmicos no bairro ou no campus da Praia Vermelha, ou por passarem por problemas de saúde e demandarem atenção especial.

"O deslocamento de Nova Iguaçu até a Ilha do Fundão dura cerca de 40 minutos e será feito por ônibus da UFRJ, seguindo horários pré-determinados de ida e volta. Outras demandas, como provimento de água, serão providenciadas pela Reitoria. O café da manhã faz parte do pacote contratado", informou a UFRJ em nota oficial divulgada em seu site.

Leher afirma que a concessão de auxílio foi a melhor solução para atender às necessidades emergenciais dos estudantes, já que não há opção imediata de moradia.

“Foi a alternativa viável. Não há moradias na UFRJ e não conseguimos nenhuma cessão de uso de imóvel por ente municipal. Como temos uma responsabilidade ética, moral, política com os estudantes em relação à permanência deles na UFRJ, vamos, em condições de muita restrição orçamentária, assegurar um auxílio financeiro emergencial para que possam se inserir em repúblicas”, disse.

Situação orçamentária

O reitor destacou que a UFRJ vem passando por uma forte restrição orçamentária. Segundo ele, nos últimos 30 meses, a universidade deixou de receber R$157 milhões previstos no orçamento. “A mais penosa e dura crise é a decorrente da enorme demanda por assistência estudantil”, afirma.

“A verba do Programa Nacional de Assistência Estudantil vem sendo reduzida paulatinamente e, no caso da UFRJ, isso se manifesta com uma crise aguda no que diz respeito à moradia. Com o Sisu e a Lei de Cotas, temos o ingresso de estudantes que não conseguem ter qualquer tipo de cobertura da universidade. Nosso corte está na ordem de R$400 de renda per capita familiar. Isso denota uma situação muito dramática”, analisa.

Reitoria trabalha opções de moradia

De acordo com Leher, a ação estudada inicialmente com a Prefeitura do Rio para encontrar uma solução de curto ou médio prazo não prosperou, e que até o momento a UFRJ não recebeu recursos adicionais do MEC para oferecer moradia nas instalações da universidade.

Com alta demanda, a Administração Central da universidade também informou que trabalha em algumas frentes, como a Reforma da ala B da Residência Estudantil; finalização do projeto em módulos pré-fabricados próximos ao Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN) e instalação de estrutura pré-fabricada.

"O projeto para reforma precisou ser refeito, em vista do incêndio. Após a conclusão, seguirá para licitação pública regular. A UFRJ tem recursos provisionados para a obra", explicou a nota detalhando o número de vagas ofertadas: 256.

Para o projeto em módulos pré-fabricados, a situação, de acordo com a reitoria, é a de que no último dia 23, o MEC adiantou R$2,3 milhões do orçamento da UFRJ para execução. A finalização tem previsão de conclusão de três meses, a partir do início da montagem. Essa construção atenderá 160 estudantes já submetidos à avaliação socioeconômica pela Superintendência-Geral de Políticas Estudantis da UFRJ e que aguardam na fila para receberem o benefício.

Além disso, a reitoria também trabalha no levantamento de preços para contratação de moradia modular, medida a ser discutida com o MEC, ainda sem definição no número de vagas.