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Uerj volta às aulas em meio a clima de insegurança

No 1º dia da retomada após mais de seis meses, aluna é furtada e docentes não sabem se vão receber

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A saga da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) continua, apesar do retorno às aulas nesta segunda-feira (28). O sucateamento da universidade causado pelo corte no repasse de verbas do governo do estado é um problema enfrentado por estudantes, docentes e funcionários há meses. A insegurança nos campus é apenas mais um problema. Nesta manhã, uma estudante do 7º período do curso de direito foi furtada no interior do elevador. 

A assessoria da Uerj informou que foi feito um registro interno de queixa de furto, mas que não foi possível identificar o suspeito. Além disso, a universidade orientou que a aluna também procure uma delegacia para registrar a ocorrência. 

"Ao mesmo tempo que ficamos felizes em reencontrar os alunos, já que esse é o primeiro semestre de 2017, sabemos que é difícil ter expectativa de que teremos um semestre produtivo. O governo tem atacado a Uerj de forma que compromete o ensino, as condições já estão prejudicadas. Infelizmente, nós não temos expectativa de fazer o nosso trabalho do jeito que os estudantes merecem. É desestimulador para nós e para eles", disse a presidente da Associação dos Docentes e professora de Sociologia da instituição, Lia Rocha.

Aulas

Esta segunda-feira é o primeiro dia de aulas de todo o ano de 2017. A retomada na Uerj nesta manhã acontece em meio a um clima de protestos. Está marcado um ato, com início às 16h, na Reitoria da Universidade. 

"O governo [Luiz Fernando] Pezão segue sem atender o conjunto das nossas demandas. A reitoria, após consultar o Fórum de Diretores, mostrou mais uma vez como não está do lado da comunidade universitária ao ordenar uma volta às aulas sem nenhuma consulta aos organismos democráticos de professores, técnicos e estudantes e os conselhos universitários", diz o evento do Facebook. 

As críticas ocorrem em meio a dúvidas sobre a permanência das aulas e de cumprimento do calendário. Isso porque os professores, que decidiram na semana passada suspender a greve da categoria iniciada dia 1º de agosto, podem retomá-la a qualquer momento, ou seja, permanecem em estado de greve. 

No site oficial da Uerj, uma nota à comunidade ressalta que a situação "não está normal", lembrando a lista de reivindicações da instituição, como o pagamento de salários atrasados e retorno do restaurante universitário. "A despeito da permanência desse quadro de dificuldades, entendemos que é crucial o início das aulas, com a maior brevidade possível, em consideração aos nossos estudantes, àqueles que estão buscando a UERJ por meio do Vestibular/2018, e, em especial, em respeito à nossa missão e ao nosso compromisso perante a sociedade fluminense", finaliza a nota. 

Lia informa que está marcada para a próxima quarta-feira (30) nova paralisação, em que será feita uma nova assembleia e um ato em conjunto com docentes. Além disso, o líder do governo na Alerj, deputado Edson Albertassi (PMDB), se comprometeu na última reunião, a dar uma resposta nesta quarta-feira sobre a implementação da lei que atualiza o Plano de Carreira Docente, e retomar a negociação sobre a dedicação exclusiva. "Vamos reavaliar a situação, a partir do acordo de compromissos que o governo assumiu com a gente. Nós voltamos às aulas por causa desses compromissos assumidos. Mas se não houver avanço, podemos ter que retomar a greve", completou Lia.  

Pagamento

Os docentes ainda não receberam o 13º salário do ano passado e não têm garantia de que os próximos salários serão pagos em dia. Além disso, os professores substitutos não recebem desde janeiro deste ano, e o restaurante universitário permanece inativo. 

No último dia 24, após reunião entre o secretário de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Social, Gustavo Tutuca, e o reitor da Uerj, Ruy Garcia Marques, ficou prometido o pagamento dos salários atrasados dos professores substitutos que passaram pela Universidade, e pelo Cap da Uerj, nos últimos meses. 

De acordo com a secretaria, serão gastos cerca de R$ 350 mil para quitar a dívida. O objetivo é efetuar o pagamento ainda esta semana. 

Tutuca prometeu, ainda, voltar a pagar as bolsas Prociência e Proatec a partir de setembro. O custo mensal das bolsas gira em torno de R$ 2,2 milhões. Já sobre as bolsas em atraso, a ideia é criar um calendário de pagamento para quitar a dívida.