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Sérgio Cabral é denunciado pela 12ª vez na Lava Jato

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O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral foi denunciado pela 12ª vez no âmbito da Operação Lava Jato. A denúncia de hoje (28), apresentada pelo Ministério Público Federal no Rio de Janeiro (MPF/RJ), incluiu o empresário Marco de Luca e os operadores financeiros Carlos Miranda e Carlos Bezerra. Cabral e os operadores foram denunciados por corrupção passiva, e o empresário por corrupção ativa e organização criminosa.

De acordo com o MPF, entre 2007 e 2016, Marco de Luca pagou R$ 16,7 milhões em propina a Cabral para obter benefícios em contratos com o governo do Rio de Janeiro. A apuração indicou que foram registrados 82 pagamentos mensais a Miranda e a Bezerra, no valor aproximado de R$ 200 mil. Segundo o MPF, a continuidade dos pagamentos até a prisão de Cabral, mesmo após ele ter deixado o cargo, “demonstra a influência política que o ex-governador ainda exercia sobre a administração”.

Anotações de Carlos Bezerra apreendidas na Operação Calicute mostram que na contabilidade da organização criminosa há uma série de registros com os codinomes utilizados para se referir a Luca como Louco, De Louco, Crazy, De Lucca, De Loucco, Loucco, Lucca e Luca. Todos eles, segundo o MPF, foram confirmadas pelo próprio Bezerra em depoimento. Outra comprovação do esquema ocorreu por meio de quebras de sigilos que indicaram entrada e saída de pagamentos, encontros e ligações telefônicas entre de Luca, Bezerra, Miranda e outros integrantes da organização que respondiam diretamente a Cabral.

As investigações da Operação Ratatouille revelaram que as empresas Masan Serviços Especializados Ltda e Comercial Milano Brasil, ligadas a de Luca, tiveram crescimento exponencial nas contratações com o governo do Rio de Janeiro nos últimos 10 anos. Os contratos assinados com a Masan atingiram R$ 2,2 bilhões e com a Milano R$ 409 milhões e, entre outros, envolvem o fornecimento de alimentação para escolas e presídios do estado.

“Estão plenamente configurados os crimes de corrupção passiva e ativa porquanto resta claro que o conjunto de funções exercido pelo agente público em questão está relacionado com os interesses privados do principal fornecedor de alimentação e serviços especializados no estado do Rio de Janeiro, isto é, pode-se aferir extreme de dúvidas a relação de mercancia que tem por objeto a função pública exercida pela então maior autoridade do Poder Executivo estadual”, destaca o MPF.

A denúncia é assinada pelos procuradores da República Eduardo El Hage, Fabiana Schneider, José Augusto Vagos, Leonardo Cardoso de Freitas, Marisa Ferrari, Rafael Santos, Rodrigo Timóteo e Sérgio Pinel.

Além da condenação pelos crimes, os procuradores pedem a reparação dos danos materiais, no valor mínimo de R$ 16,7 milhões, e a reparação por danos morais coletivos no valor de R$ 33,4 milhões.

"Esquema de Cabral era maior do que eu supunha", diz doleiro 

O doleiro Renato Chebar prestou depoimento nesta quarta-feira (28) ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, e afirmou que o esquema de corrupção montado pelo ex-governador Sérgio Cabral era muito maior do que ele imaginava.  "O esquema era muito maior do que eu supunha. Eu era uma célula dentro do esquema. O esquema era dez vezes maior", disse Chebar.

O Ministério Público Federal (MPF) aponta Chebar como o responsável por cuidar das finanças Cabral. Ele afirmou que o volume de dinheiro nas contas do ex-governador aumentou no período em que ele governou o Rio de Janeiro. 

Chebar afirmou que Cabral tratava os depósitos e transferências em suas contas como um "negócio". "Era uma ação natural. Um negócio", disse, prosseguindo: "Cuido das contas dele desde 2000. Na época, ele tinha US$ 2 milhões numa conta nos Estados Unidos. Quando ele se tornou governador, o volume de dinheiro que entrou na conta aumentou muito."

Chebar confirmou a Bretas a delação que prestou ao Ministério Público Federal. Ele reafirmou que o empresário Eike Batista pagou US$ 18 milhões em propina a Cabral.

Com Agência Brasil