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Programa Agente Experiente resgata autoestima e autonomia do idoso

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"Ao mesmo tempo em que ajudamos, também somos ajudados". Com essa frase, Nelita Severa de Oliveira, de 71 anos, resumiu o sentimento de cerca de 250 idosos atendidos pelo Programa Agente Experiente, da Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos (SMASDH). Moradora de Santa Cruz, na Zona Oeste, ela também ressaltou o orgulho que sente por auxiliar pessoas que, assim como ela precisou um dia, hoje necessitam de ajuda.

 

- Esse programa é tudo de bom. Saber que estou ajudando o próximo me faz muito bem. Já pensei várias vezes em deixar o grupo, para descansar, mas nunca consigo. Não sou de ficar parada, sem auxiliar as pessoas. Me sinto bem fazendo isso, é muito gratificante e minha saúde agradece - disse Nelita.

 

Criada em 2003, a iniciativa permite a essas pessoas preencher o tempo ocioso em atividades como atendimento ao público em equipamentos da prefeitura, como Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), Coordenadorias Regionais de Educação (CREs), nos postos de saúde municipais e nas unidades de Saúde da Família. O trabalho pode ser de acolhimento ou recepção, suporte a grupos de convivência, visita domiciliar, apoio administrativo (arquivamento de documentos, elaboração de murais, atendimento telefônico, etc.) e fortalecimento de vínculos. Os agentes experientes recebem um auxílio mensal SMASDH de R$ 350 para 16 horas de trabalho semanal.

 

Os idosos atendidos pelo programa têm preservadas sua autonomia e independência, além de verem suas experiências e potencializadas valorizadas. De lá para cá, muitos relataram ter obtido melhorias na saúde, física e mental.

- Precisamos valorizar sempre as pessoas com mais experiência, instigar seus talentos e potencialidades. Assim, o idoso não corre o risco de ter doenças como a depressão, de se sentir inútil. Há que se reconhecer a importância dos mais velhos dentro do seio familiar e na sociedade como um todo - afirmou a secretária municipal de Assistência Social e Direitos Humanos, Teresa Bergher.

 

Segundo o Censo do IBGE (2010), na cidade do Rio de Janeiro residem cerca de 940 mil pessoas idosas. Por conta da atenção que o segmento precisa, os participantes do programa passaram por capacitação nesta sexta-feira (23/06), organizada pelas coordenadoras do programa, Ana Elise Pontes e Ana Luiza Mendonça, da Subsecretaria de Políticas para o Idoso. O encontro aconteceu no auditório do Centro Administrativo São Sebastião (CASS), na Cidade Nova. Esta foi a segunda capacitação de 2017 (a primeira ocorreu em março).

 

- É um trabalho muito importante. Muitos agentes saíram de uma situação de depressão e isolamento, superaram grandes perdas na família, diminuíram a quantidade de remédios que tomavam e se sentem úteis. Além disso, é nítida a melhora da postura de cada participante. Eles chegaram de uma forma e agora são pessoas totalmente diferentes - disse Ana Elise.

A capacitação incluiu palestra com a assistente social Jeanne de Souza Lima, da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), que falou sobre "Mediação de Conflitos: aportando definições e metodologias". A profissional ressaltou a importância de se manter a calma para resolver situações mais complexas:

 

- Em um conflito, é preciso saber ouvir e falar. É necessário desenvolver o discernimento para lidar com esse tipo de situação. E isso só é possível quando as pessoas aprendem a calar e observar, porque não se resolve nada quando todos falam ao mesmo tempo. Nossa ideia é levar esse trabalho aos territórios, porque é fato comprovado que todo tipo de conflito é adoecedor.

 

Para reforçar a mensagem de sua palestra, Jeanne realizou dinâmicas de grupo, pedindo aos participantes para que exemplificassem situações individuais e coletivas de conflito, bem como o que fariam para resolvê-las. Também foram apresentadas gravuras abstratas para que os agentes pudessem falar o que aquelas imagens representavam. A atividade agradou em cheio a aposentada Marília de Paula Mattos Correa, de 72 anos, que pretende aplicar os exercícios para as pessoas que ajuda:

- Como atuo em grupos de convivência, seria muito bacana que eles também passassem por essa dinâmica. Gostei muito, nos dá outra percepção sobre as coisas.

 

Para participar do Programa Agente Experiente é preciso que o interessado tenha mais de 60 anos, resida no município do Rio de Janeiro e se dirija ao Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) mais próximo de sua residência, munido de documentos como identidade, CPF e comprovante de residência para fazer o cadastro. Os candidatos também passarão por entrevista.

 

- É um programa maravilhoso que indico a todos participar. Conhecer pessoas que precisam de ajuda e poder ajudá-las é transformador - disse a agente Maria das Graças de Oliveira, de 67 anos, moradora de Acari, na Zona Norte.