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Suposto esquema de Cunha em Furnas teria causado prejuízo de R$ 80 milhões

Ex-diretor Dimas Toledo teria sido alvo de condução coercitiva em operação deflagrada nesta quinta

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Policiais civis cumpriram nesta quinta-feira (8) 33 mandados de busca e apreensão para investigar um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro na empresa de energia Furnas, subsidiária da estatal Eletrobras. A operação, chamada de Barão Gatuno, tem como base a delação premiada do ex-senador Delcídio do Amaral, durante as investigações da Operação Lava Jato.

Há ainda dois mandados de condução coercitiva. Um deles seria contra contra o ex-diretor Dimas Fernando Toledo. A polícia não confirma. A investigação corre em segredo de justiça.

Os mandados de busca e apreensão foram expedidos pela Justiça estadual e foram cumpridos pela Delegacia Fazendária, responsável pela investigação do esquema, com o apoio de 15 delegacias, da Coordenadoria de Combate à Corrupção do Laboratório de Tecnologia e Lavagem de Dinheiro da Polícia Civil do Rio e da Polícia Civil do Estado de São Paulo.

A operação investiga superfaturamento que pode ter dado prejuízos de cerca de R$ 80 milhões a Furnas. A suspeita é da que o deputado cassado Eduardo Cunha, preso em Curitiba, tenha incluído uma emenda em medida provisória que tramitava no Congresso por encomenda, em 2007. Segundo os investigadores, “há fortes indícios” dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

A operação foi conduzida por determinação do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF). “Recebemos determinação específica da Justiça estadual para investigação de suposto desvio em Furnas. Foi realizado um consórcio para construção de usina hidrelétrica na Serra do Facão, em Goiás. Fazia parte do consórcio Furnas, que detinha 49% das ações, e uma empresa chamada Oliver Trust”, disse o delegado titular da Delegacia Fazendária, Gilberto Ribeiro. Ele prosseguiu: “Em determinado momento essa empresa [Oliver Trust] teria sido oferecido sua parte a Furnas por R$ 7 milhões, mas ela negou a aquisição sob a alegação de que a lei impedia que a empresa fosse majoritária.”

Segundo a investigação, a partir disso, Cunha teria atuado no Congresso para modificar a lei. “Foi feita uma emenda que permitiria que Furnas tivesse participação superior a 50%. E logo em seguida Furnas adquiriu as ações da Serra Carioca 2 por R$ 80 milhões”, disse Ribeiro.

A delegada assistente Ana Paula Costa destacou que esta era a primeira operação em âmbito estadual em decorrência da Lava Jato. "A Polícia Civil começou hoje a abrir frente. O Estado do Rio de Janeiro é o primeira unidade da federação a ter isso”, disse.

Delcídio

Em delação premiada, Delcídio do Amaral afirmou que o hoje senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) foi beneficiário de um "grande esquema de corrupção" na estatal Furnas.

Esse esquema, segundo Delcício, era operacionalizado por Dimas Toledo, ex-diretor de engenharia de Furnas, e que teria “vínculo muito forte” com Aécio. O responsável por intermediar e viabilizar a operação teria sido o ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

"Questionado ao depoente quem teria recebido valores de Furnas, o depoente diz se que não sabe precisar, mas sabe que Dimas operacionalizava pagamentos e um dos beneficiários dos valores ilícitos sem dúvida foi Aécio Neves, assim como também o PP, através de José Janene; que também o próprio PT recebeu valores", diz o texto da delação premiada.

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Segundo interlocutores, um esportista teria frequentado também Furnas para se encontrar com Dimas Toledo. O assunto não seria sobre academias de ginástica, embora este fosse a especialidade deste esportista.