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Greve geral: OAB critica ação da PM em protesto na Cinelândia

"Nada justifica bombas e cassetetes contra multidão que protestava de modo pacífico"

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A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), lideranças sociais e sindicalistas acusam a Polícia Militar de ter inviabilizado o comício de encerramento dos protestos contra as reformas trabalhista e da Previdência, nesta sexta-feira (28), na Cinelândia. Segundo eles, quando milhares de pessoas aguardavam o início dos discursos, que seriam realizados em um palanque montado em frente à Câmara Municipal, PMs começaram a jogar bombas de efeito moral e de gás lacrimogênio, o que causou um corre-corre e esvaziou a praça.

De acordo com os organizadores, após cerca de 30 minutos, os manifestantes voltaram, mas a PM voltou a reprimi-los, jogando mais bombas sobre o local e terminando de vez com o comício.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Seção do Rio de Janeiro, divulgou nota protestando contra a violência da PM nos protestos de rua que fizeram parte do dia de greve geral. "A Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Estado do Rio de Janeiro, vem a público repudiar veementemente a violenta ação da Polícia Militar contra milhares de manifestantes que participavam de ato no fim da tarde desta sexta, dia 28, na Cinelândia." 

"Nada justifica a investida, com bombas e cassetetes, contra uma multidão que protestava de modo pacífico. Se houve excessos por parte de alguns ativistas, a Polícia deveria tratar de contê-los na forma da lei. Mas o ataque com métodos de tocaia e a posterior perseguição por vários bairros a pessoas que tão-só exerciam seu direito à manifestação representa grave atentado à Constituição e ao Estado democrático de Direito." 

"O Brasil passou mais de duas décadas sob o jugo do autoritarismo. Não podemos admitir qualquer ensaio de retorno a aqueles tempos sombrios. É o alerta que a OAB/RJ, em seu papel institucional, faz nesse preocupante momento de nossa história. Democracia, sempre", diz a nota da OAB/RJ, assinada pelo presidente Felipe Santa Cruz.

Os sindicalistas também se queixaram: “Eles chegaram com a truculência de sempre, sem identificar quem estava [ali] para fazer baderna e quem estava para protestar. Eles simplesmente botam todos no mesmo saco e atacam a gente. O principal ato de hoje eles conseguiram desmobilizar”, protestou o representante do Sindicato dos Trabalhadores das Empresas em Saneamento Básico do Rio de Janeiro, Mario Porto.

Os sindicalistas disseram que a PM jogou bombas no palco, enquanto pessoas discursavam. “A polícia nunca quis que a gente realizasse este ato. Jogaram bombas no palco, enquanto as pessoas estavam falando. Essa não é atitude de polícia”, disse o presidente da Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil (CTB), Ronaldo Leite. Para Leite, o objetivo real era encerrar o ato.

Manifestação

A concentração para o comício começou por volta das 13h, em frente à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), quando houve o primeiro confronto entre manifestantes e PMs. Em seguida, o grupo foi para a Cinelândia para participar do ato principal.

A ativista social Indianara Siqueira disse que, na Alerj, os policiais já tinham começado a jogar bombas. “Nós nos reagrupamos e fomos para a praça [Cinelândia]. Aí houve a fala dos parlamentares e dos movimentos sociais e eles jogaram bombas novamente e as pessoas se dispersaram.” De acordo com Indianara, quando os manifestantes retornaram, os policiais voltaram a jogar bombas de gás e usar spray de pimenta.

Feridos

Duas das sete pessoas que ficaram feridas durante a manifestação contra as reformas trabalhistas e previdenciárias, no Centro do Rio, seguem internadas. A Secretaria Municipal de Saúde informa que os pacientes, um homem e uma mulher, precisaram passar por cirurgia. O estados de saúde de ambos é estável. O homem foi atingido no rosto por bala de borracha. Já a mulher que também precisou passar por uma cirurgia teve uma lesão vascular. A secretaria acrescentou ainda que pelo menos seis das sete vítimas foram feridas por balas de borracha. Além do homem e da mulher, duas foram atingidas na perna, uma no tórax e a outra no rosto. 

PM

Em nota, a PM diz que agiu para combater a ação de vândalos. “A corporação agiu em vários distúrbios, reagindo à ação de vândalos que, infiltrados entre os legítimos manifestantes, promoveram atos de violência e baderna pelo centro da cidade”.

A PM foi procurada por e-mail pela reportagem, mas não se posicionou sobre a acusação de que usa violência desproporcional contra a multidão que se preparava para participar do comício na Cinelândia.

Com Agência Brasil